Para falar de gente, de seres humanos, do bicho humano perfectível, apesar de tudo. Do Animal sapiens, mas a partir de agora do "Homo spiritualis", com sua fé e religiosidade muitas vezes confusa, gerando preconceitos, discriminações.

29
Nov 12

O filósofo espanhol da primeria metade do século passado, Ortega y Gasset, escreveu uma frase que sintetiza sua maneira de compreender e interpretar o mundo. Disse ele: eu sou eu e minha circunstância, e se não a salvo, não me salvo eu. Com um pouco de reflexão entendemos que ele nos lembra que não somos seres isolados, independentes e autossuficientes. Se eu 'sou eu e minha circunstãncia', isso quer dizer que sou a soma de mim mesmo, de minhas singularidades, mais as condições - favoráveis ou adversas - do meio e das circunstâncias nas quais estou mergulhado.

 

A vida é um drama (não necessariamente uma tragédia), como ele também nos lembra. Sendo encarada assim, podemos ou não assuimir uma postura madura e realista diante da realidade que nos cerca, ou fugir da realidade, seja pelas drogas, pela ignorância voluntária, pelas rotas de fuga possíveis. Mas as circunstâncias nos perseguem, tanto quanto nossas singularidades, pois são constitutivas de nosso ser.

 

Aprender a conviver com esse estado de coisas, sem necessariamente aceitá-lo passivamente é, talvez, questão de sobrevivência; da manutenção da estabilidade emocional possível e da sanidade mental. O outro caminho é entrar em parafuso num mundo cada vez mais caótico.

 

- por Paulo Santos

publicado por animalsapiens às 09:44

30
Set 12

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Razão e Paixão

by Antonio Ozaí da Silva

“Seria preciso, acreditam certos críticos, uma forma impassível, fria e impessoal; para tais gentes, todo o argumento perde o caráter científico sem esse verniz de impassibilidade; em compensação, bastaria afetar imparcialidade, para ter direito a ser proclamado – rigorosamente científico. Pobres almas!... Como seria fácil impingir teorias e conclusões sociológicas, destemperando a linguagem e moldando a forma à hipócrita imparcialidade, exigida pelos críticos de curta vista!... Não; prefiro dizer o que penso, com a paixão que o assunto me inspira; paixão nem sempre é cegueira, nem impede o rigor da lógica”.
Manuel Bonfim
Paris, março de 1903 [1]

Somos humanos, seres que desejam, sonham e se apaixonam. Desde a antiguidade grega, o humano é definido pelo atributo da razão. O homem é um ser racional! Quem ousa duvidar desta assertiva? René Descartes (1596-1650), considerado o fundador da filosofia moderna, erigiu o seu pensamento filosófico sobre uma certeza racional: “Penso, logo existo” (“Cogito, ergo sum”). No século XVIII e XIX, a Razão foi ungida, posta sobre o altar da humanidade e transformada numa nova religião profana, em substituição à superstição e ao obscurantismo.

“O sono da razão produz monstros”, escreveu Francisco Goya (1746-1828). A Deusa Razão erigiu-se redentora da humanidade e luz que ilumina o seu caminhar sempre em direção ao progresso. A afirmação da Razão, em dueto com a ideia do progresso inexorável da humanidade, foi importante num contexto em que se questionava o poder feudal e tudo o que ele representa. O culto à Razão é o tributo do projeto burguês à modernidade.

Contudo, havia vozes discordantes, como a de Jean-Jacques Rousseau. Ele reconhece a importância dos sentimentos e emoções. Rousseau desconfia das promessas do progresso. [2] Ele não faz apologia da Razão, nem a coloca num plano prioritário em relação ao sensível. A dimensão intelectual racional é importante, mas está vinculada à condição humana que também é emocional e afetiva. Paixão e Razão não estão separados por muros intransponíveis, mas coabitam no mesmo ser. Somos seres racionais e passionais.

O despertar da razão não libertou o ser humano dos seus fantasmas, nem o fez superar as crendices. Os monstros continuam a assombrar o mundo dos vivos! A Razão gerou outras monstruosidades no século XX, o século das guerras mundiais, da barbárie nazifascista, do Big Brother imaginado por George Orwell na obra 1984, do barbarismo das bombas atômicas lançadas pelos EUA sobre Hiroshima e Nagasaki, etc. A Razão foi instrumentalizada e, paradoxalmente, alimentou a irracionalidade. Por outro lado, as religiões profanas – ideologias – engendraram formas de fanatismos tão obscurantistas quanto aqueles que os iluministas combatiam no século XVIII. Não esqueçamos que a barbárie é praticada com racionalidade. Eram pessoas racionais, muitos deles com títulos acadêmicos, que projetaram, por exemplo, a máquina da morte nos tempos sombrios da Alemanha hitlerista. Como escreve Rouanet:

“Depois de Marx e Freud, não podemos mais aceitar a idéia de uma razão soberana, livre de condicionamentos materiais e psíquicos. Depois de Weber, não há como ignorar a diferença entre uma razão substantiva, capaz de pensar fins e valores, e uma razão instrumental, cuja competência se esgota no ajustamento de meios a fins. Depois de Adorno, não é possível escamotear o lado repressivo da razão, a serviço de uma astúcia imemorial, de um projeto imemorial de dominação da natureza e sobre os homens. Depois de Foucault, não é lícito fechar os olhos ao entrelaçamento do saber e do poder. Precisamos de um racionalismo novo, fundado numa nova razão”. [3]

Rouanet propugna por uma nova razão, que reconheça os próprios limites e seja capaz da crítica e autocrítica; que a razão louca seja substituída pela razão sábia. Assim, ele busca resgatar a Razão iluminista, para que se complete o trabalho de secularização. Sábia ou louca, a Razão permanece segregada, como uma característica especial e definidora do que é o ser humano. Este, porém, é uma totalidade que incorpora o racional e a paixão. Onde está a tal da essência humana tão apregoada pelos visionários do futuro? Talvez Jean-Jacques Rousseau, Marques de Sade e outros autores, possam contribuir para a percepção de que o humano é também paixão, natureza e irracionalidade. A barbárie, lamento insistir, também é humana. O humanismo cândido, liberal ou marxista, tem um ideal de ser humano que só existe enquanto abstração racionalizada. Parece-me que a Razão deve ser orientada pela paixão e vice-versa, pois elas constituem o mesmo ser que pensa e sente!


[1] BONFIM, Manuel. A América Latina. In: SANTIAGO, Silviano. (Org.) Intérpretes do Brasil. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 2000, p. 631.

[2] Ver ROUSSEAU, Jean-Jacques (1971). Discours sur les Sciences et les Arts. Paris: Flammarion, entre outras obras do autor.

[3] ROUANET, Sergio Paulo. As razoes do iluminismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, p. 12.

Antonio Ozaí da Silva | 29/09/2012 em 23:10 | Categorias: reflexões do quotidiano | URL: http://wp.me/pDZ7T-wf

 

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publicado por animalsapiens às 12:05

17
Ago 12

17 Agosto 2012

A pobreza mora na cabeça? (11)

Décimo primeiro número da série. Perguntei-vos no número anterior se existiam relações sociais em si, relações entre pessoas em si, relações entre seres humanos em si. A resposta óbvia, instintiva, pessoal, é sim, existem. É a pessoa A que contacta a pessoa B e não a pessoa C. Cada pessoa cada mundo, cada coisa cada situação, tudo é suposto ser único e impermeável. Observemos, por exemplo, uma rua da cidade de Maputo. O que vemos? Permitam-me prosseguir mais tarde (imagem reproduzida daqui).
(continua)
Sugestão: recorde a minha série em sete números intitulada Onde moram os pobres?, aqui.


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publicado por animalsapiens às 12:36

14
Jul 12

O que é resolver problemas? (16)

Décimo sexto e último número da série. Tenho para mim que não há uma racionalidade humana única, mas vários tipos de racionalidade. Igualmente não há culturas superiores e culturas inferiores, mas culturas diferentes. Não há pessoas cultas e pessoas incultas, mas pessoas com prismas, conhecimentos e culturas diferentes. Não há pessoas em si, pessoas genéricas, mas pessoas integradas em grupos, classes, nações e culturas diferentes. A vida em sociedade é, afinal, um confronto de experiências e de chavesImagem reproduzida daqui.
(fim)


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publicado por animalsapiens às 12:38

08
Jul 12

Uma boa pergunta !!! Sejam ateus, agnósticos, esotéricos, materialistas, espíritas, evangélicos, católicos, muçulmanos, judeus ... qual o papel dos intelectuais na sociedade ?

Paulo
..............................




 

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Qual é a função dos intelectuais?

by Antonio Ozaí da Silva

A análise da função dos intelectuais deve primeiro definir qual o enfoque dado: se parte-se da situação dada, isto é, da atividade real desenvolvida pelos intelectuais na sociedade concreta ou se a análise tem como fundamento a prescrição, ou seja, como imaginamos, ou queremos, que os intelectuais atuem. Neste sentido, Norberto Bobbio critica intelectuais como Sartre e sua definição de falsos e verdadeiros intelectuais:

“Falsos são os que desempenham uma função que para Sartre é negativa, e é negativa unicamente porque não desempenham a função que segundo ele deveriam desempenhar. Assim, será o verdadeiro intelectual o revolucionário; falso o reacionário; verdadeiro será aquele que se engaja, falso, aquele que não se engaja e permanece fechado em sua torre de marfim.” (BOBBIO, 1997, p. 14)

Engajar-se ou não engajar-se? Quando se engaja, o intelectual não trai o que deveria ser seu papel principal: defensor de princípios como a justiça e a verdade? Mas isto não seria mero universalismo próprio do humanismo burguês (Sartre), a ser ultrapassado por uma postura engajada, já que a época da revolução burguesa passou e a tarefa do intelectual seria justamente construir um humanismo?

Trata-se, em suma, de como a atividade intelectual se relaciona – ou não – com a atividade política. Bobbio defende a posição de que a política e a cultura constituem esferas diferentes da atividade humana, portanto, com autonomia relativa. Há a política ordinária, própria dos políticos e da ação imediatista; e, a política cultural, respeitante à reflexão, aos princípios. As esferas não são necessariamente excludentes, mas são diferentes. Trata-se de definir qual a tarefa que cabe aos intelectuais. Sobre isto, temos diversos posicionamentos, assim resumidos:

“1. o intelectual não tem uma tarefa política, mas uma tarefa eminentemente espiritual (Benda);

2) a tarefa do intelectual é teórica, mas também imediatamente política, pois a ele compete elaborar a síntese das várias ideologias que dão passagem a novas orientações políticas (Mannheim);

3) a tarefa do intelectual é teórica mas também imediatamente política, pois apenas a ele compete a função de educar as massas (Ortega);

4) a tarefa do intelectual também é política, mas a sua política não é a ordinária dos governantes, mas a da cultura, e é uma política extraordinária, adaptada aos tempos de crise (Croce)” (Id., p. 34)

Cada uma destas funções traz em si riscos de degeneração. No primeiro caso, o intelectual é visto como um clérigo e, enquanto tal, tende a afastar-se do mundo, a estranhá-lo. O clérigo tende a desenvolver uma concepção hedonista da cultura e uma visão agnóstica da vida política.

No segundo caso, que vê os intelectuais como indivíduos “acima do combate”, tende-se a desenvolver um certo neutralismo e eticismo abstrato, geradores de ceticismos em relação à política, como se os intelectuais estivessem acima dos pobres mortais, observando “com aristocrático desdém os cães que se pegam a dentadas”. (p. 35)

No terceiro caso, o intelectual é visto como elite dirigente – observe-se que isto ocorre à direita e à esquerda. O elitismo levado às ultimas conseqüências implica um afastamento da política, vista como uma atividade inferior – neste caso, o elitismo de esquerda tem a função contrária: supervalorizar a política. A resultante é um idealismo ingênuo, a crença de que o mundo pode ser transformado pelas idéias. A frustração leva naturalmente ao isolamento, ao recolhimento interior, como uma forma de não sujar as mãos. É um procedimento tipicamente aristocrático.

No último caso, o risco de degeneração é a concentração dos intelectuais em organizações e partidos próprios, isolados dos demais setores da sociedade.

Em todas estas posições observa-se a tendência a elevar os intelectuais acima dos demais grupos sociais, implicando a idéia de uma superioridade intrínseca à sua profissão. Destas posturas, temos dois casos limites:

1º o isolamento do intelectual em seu próprio mundo, em sua torre de marfim;

2º o engajamento (engagement) profundo do intelectual na política.

Ambos os procedimentos tem os seus riscos. Não há respostas simples, nem fáceis.

 

Referência

BOBBIO, Norberto. Os intelectuais e o poder: dúvidas e opções dos homens de cultura na sociedade contemporânea. São Paulo, Editora UNESP, 1997.

Links conexos

Quem são os intelectuais?

Sobre os intelectuais

Sobre a militância do intelectual

Antonio Ozaí da Silva | 07/07/2012 at 20:16 | Categorias: leituras | URL: http://wp.me/pDZ7T-uP

 

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publicado por animalsapiens às 12:20

01
Jul 12

Novo post em blog do ozaí

A escrita e o cuidado de si

by Antonio Ozaí da Silva

Há muito tenho o costume de anotar. É uma forma de conversar comigo mesmo. Não imaginava que um dia teria a possibilidade de fazer um diário virtual. De onde vem essa necessidade de registrar sensações, acontecimentos e coisas que nem sempre podem ser compartilhadas? Por que não deixar que a mente faça o seu trabalho e sobrevivam apenas as memórias que selecionou? Por que o apego ao passado? Sim, porque registrar é tornar possível o acesso às lembranças que o pensamento já deletou.

Por outro lado, anotações podem ser um perigo. Como escreveu Dostoiévski, há segredos que não contamos nem para nós mesmos. As palavras têm o poder de ferir e abrir feridas que parecem cicatrizadas. Há, porém, vantagens em anotar. Uma delas, quem sabe a mais importante, é aprender com as próprias reflexões. Ao escrever somos obrigados a estabelecer um diálogo interno e, assim, aprender racional e sentimentalmente. É também uma forma de dar vazão a algo que oprime.

Há idéias, pensamentos, etc., que surgem no cotidiano. Anotar é uma maneira de poder retomá-los e desenvolvê-los. O sociólogo Wright Mills, a propósito, sugere que devemos cultivar o hábito de fazer anotações: registros de idéias, notas pessoais, excertos de livros, delineamentos de projetos, etc.[1] Manter um arquivo é, de certa forma, uma produção intelectual, mas é importante retornar às notas, ao “banco de idéias”. Talvez elas contribuam para o desenvolvimento de reflexões mais extensas. A prática de si implica a leitura, mas sem a escrita esta corre o risco de se tornar estéril. Como alerta Michel Foucault:

“Quando se passa incessantemente de livro a livro, sem jamais se deter, sem retornar de tempos em tempos à colméia com sua provisão de néctar, sem consequentemente tomar notas, nem organizar para si mesmo, por escrito, um tesouro de leitura, arrisca-se a não reter nada, a se dispersar em pensamentos diversos, e a se esquecer de si mesmo”. [2]

Mills objetiva contribuir para a reflexão sobre a práxis da pesquisa sociológica. Ele pretende estimular a imaginação do sociólogo. Mas o exercício da escrita também pode ser uma maneira de refletir sobre a vida individual, afinal o intelectual é um ser humano como outro qualquer e, portanto, sujeito às dores e alegrias da condição humana. Anotar pode significar, simplesmente, a necessidade de registro da vida cotidiana, o cuidado de si. Já os antigos tinham o costume de manter arquivos com anotações sobre a vida pessoal, pública, etc., aos quais denominavam hupomnêmata. Segundo Michel Foucault:

“Os hupomnêmata, no sentido técnico, podiam ser livros de contabilidade, registros públicos, cadernetas individuais que serviam de lembrete. Sua utilização como livro de vida, guia de conduta parece ter se tornado comum a todo um público culto. Ali se anotavam citações, fragmentos de obras, exemplos e ações testemunhadas ou cuja narrativa havia sido lida, reflexões ou pensamentos ouvidos ou que vieram à mente. eles constituíam uma memória material das coisas lidas, ouvidas ou pensadas; assim era oferecidos como um tesouro acumulado para releitura e meditação posteriores. Formavam também uma matéria prima para a redação de tratados mais sistemáticos, nos quais eram dados os argumentos e meios para lutar contra uma determinada falta (como a cólera, a inveja, a tagarelice, a lisonja) ou para superar alguma circunstância difícil (um luto, um exílio, a ruína, a desgraça”. [3]

Escrever é se conhecer melhor. As vezes, na solidão da existência, a leitura e a escrita tornam-se as únicas aliadas, uma forma de terapia. “Não é possível cuidar de si sem se conhecer”. [4] Como cuidar dos outros se não estamos bem? Por mais que sublimemos, estamos irremediavelmente sós em nossa própria consciência. Portanto, quanto mais e melhor nos conhecermos, maior a possibilidade de aceitarmos as limitações e as dores inerentes ao viver. Talvez seja o começo da superação...


[1] Ver o apêndice Do Artesanato Intelectual, in: MILLS, C. Wright. A imaginação sociológica. RJ, Zahar, 1982, p. 211-243.

[2] FOUCAULT, M. A escrita de si. In: MOTTA, Manoel Barros da (Org.). Ética, Sexualidade, Política: Michel Foucault. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006, p. 150.

[3] Idem, p. 147-148.

[4] Idem, p.269.

Antonio Ozaí da Silva | 30/06/2012 at 23:09 | Categorias: reflexões do quotidiano | URL: http://wp.me/pDZ7T-uI

 

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publicado por animalsapiens às 11:54

29
Mar 12

Capital e crises

"Na verdade o que existe é uma guerra permanente em toda a história do capitalismo." - David Harvey aqui.


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publicado por animalsapiens às 12:40

22
Jan 12

“O amante”, de Marguerite Duras

by Antonio Ozaí da Silva

*A releitura de O amante**, obra clássica de Marguerite Duras, evidencia novos aspectos. Agora o “olhar” do leitor percorre o texto amparado numa chave interpretativa pós-colonialista.

A relação da “moça branca” com o amante chinês expressa situações que, a meu ver, são passíveis de universalização, considerando-se as dificuldades presentes – por exemplo, a idade da moça, as diferenças econômicas e a caracterização como prostituição etc. As reações do “amante” – fraqueza, choro, paixão e dependência da moça, etc. – não são especificidades determinadas pelo caráter colonialista que envolve os personagens. Tais sentimentos são próprios de qualquer ser humano. Isto pode parecer óbvio, mas foram aspectos que tive que observar devido à “chave interpretativa” que guiou o meu “olhar”.

Nesta releitura, observei aspectos que caracterizam valores e atitudes preconceituosas e colonialistas na relação da “moça branca” e sua família com o “homem chinês” e os nativos da Indochina, à época sob domínio francês. A certa altura do seu relato, a narradora se refere à sua infância, sob “o sol intenso” e em condições de miséria. Mas trata-se de uma miséria diferente das dos nativos:

“… não passávamos fome, éramos crianças brancas, tínhamos vergonha, vendíamos nossos móveis, mas não passávamos fome, tínhamos um empregado e comíamos porcaria, galinholas, filhotes de caimão, mas essas porcarias eram preparadas por um empregado, servidas por ele e às vezes recusadas por nós, podíamos dar-nos ao luxo de não querer comer” (p. 10).

Não fosse a referencia à cor, “éramos crianças brancas”, tal relato apenas demonstra um certo sentimento próprio do ser humano, embora possa ser condenável. Refiro-me à necessidade que alguns seres humanos têm em se sentirem superiores, ainda que sua situação econômica não o permita. É uma superioridade frágil, que se sustenta apenas pela vaidade e narcisismo.

Em O amante, a referência à cor branca não é mero acidente lingüístico. Neste caso, a cor é um diferencial a mais para refletirmos sobre o sentimento de superioridade. É interessante como a “moça branca” e sua família tratam o “homem chinês”. Ela se encontra praticamente no papel de prostituta e sua família se beneficia dessa relação diante do amante rico. Contudo, se colocam, por serem brancos, europeus e colonialistas, como hierarquicamente superiores. Isto também expressa a distinção entre o nativo e o colonizador.

A inferiorização dos indivíduos é também um dos principais fatores para a manutenção do domínio colonial. O racismo termina por justificar a dominação econômica e colonialista. Mesmo o fato do “homem chinês” ser rico não supera a concepção eurocêntrica e racista da moça branca e sua família.


* Publicado em Literatura Política & Sociedade, 01.09.2007, disponível em http://literaturapolitica.wordpress.com/2007/09/01/o-amante%E2%80%9D-de-marguerite-duras/

** DURAS, Marguerite. O Amante. São Paulo: Circulo do Livro, s.d.

Antonio Ozaí da Silva | 21/01/2012 at 22:36 | Categorias: leituras | URL: http://wp.me/pDZ7T-q4
publicado por animalsapiens às 10:08

27
Nov 11

Pasteurização social (14)

Décimo quarto número da série de um tema cujo sumário está aqui e cuja definição foi dada aqui.
7. Conspiração. Inicio o ponto sétimo do sumário. A pasteurização social é rica em recursos e mecanismos. Um dos mais frequentes recursos de obscurecimento de certas realidades encontra-se na teoria da conspiração. Em que consiste essa teoria?
Permitam-me prosseguir no próximo número.
(continua)
publicado por animalsapiens às 00:37

02
Out 11

Prezad@s,


Poliamor: intrigante, polêmico, subversivo, provocador, ... mas ... será uma tendência diante da revolução cultural que se anuncia ?

Paulo S.
......................................................................>>

Poliamor: é possível amar a mais de um amor?!

ANTONIO OZAÍ DA SILVA
Amavam-se tanto, mas não suportaram saber a verdade. Por que? Talvez porque o amor, tal qual o concebemos, indique uma relação de posse mútua do corpo. Em geral, não temos estrutura psicológica para aceitarmos que o corpo amado, que possuímos como nossa propriedade, pertenceu a outro/a. O amor é possessivo! O amor exige a submissão do/a outro/a em todos os sentidos; pressupõe fidelidade plena, monogamia... LEIA NA ÍNTEGRAhttp://antoniozai.wordpress.com/2011/10/01/poliamor-e-possivel-amar-a-mais-de-um-amor/
Permaneço aberto às críticas, sugestões e contribuições.
Abraços e ótimo final de semana,
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Antonio Ozaí da Silva
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publicado por animalsapiens às 11:51

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