Os chamados 'feriadões' no Brasil, quando se emenda de sexta a domingo, ou de sábado a segunda, criando três dias consecutivos para as tentativas de fuga do estresse urbano, dos problemas de transporte, convivência familiar, profissional ou de vizinhança, sempre deixam um saldo de problemas (e de mortes) que deveria ser levado mais a sério por aqueles que estão encarregados dos assuntos públicos e do bem-estar da população.
No entanto, vemos a comunicação social das Polícias trazendo dados estatísticos sobre aumento, diminuição ou 'leve queda' no número de acidentes de trânsito ou de homicídios; os políticos e gestores comparecem diante das câmeras com suas explicações mal ajambradas sobre as causas, e sobre o que será feito para se evitar que tais e quais coisas se repitam etc., isto é, nada! Nada que vá além do discurso do momento para uma formal prestação de contas à população indignada. Eles sabem que na semana seguinte tudo estará esquecido e as preocupações serão outras. Sobreviver é preciso!
Assim, criamos uma pseudo vida coletiva, uma política hipócrita e cínica, um mal hábito de fazer compromissos e promessas que - sabemos - não serão cumpridas a menos que haja muita pressão popular. Os 'feriadões' se tornam mais um problema do que uma solução para o estresse e preocupações do cidadão cansado da rotina na selva de pedra, preso na esperança de que saindo de casa para algum lugar turístico aliviará suas tensões.
Mas há problemas estruturais que não são resolvidos e que, pelo contrário, se agravam, além do óbvio: transporte ruim, insegurança, alto custo dessas viagens, os riscos inerentes ao trânsito intenso desses períodos, as improvisações para resolver problemas previsíveis, pois que são da rotina do ano após ano. Banaliza-se a vida e o bem-estar das pessoas, e prioriza-se tudo o que é da economia, tanto que as explicações da tormenta Sandy, que atingiu a costa leste do EUA, é dada em valores monetários, em custos financeiros.
- por Paulo Santos