Para falar de gente, de seres humanos, do bicho humano perfectível, apesar de tudo. Do Animal sapiens, mas a partir de agora do "Homo spiritualis", com sua fé e religiosidade muitas vezes confusa, gerando preconceitos, discriminações.

15
Nov 13

Convenhamos, deixemos o ufanismo e as patriotadas à parte e reconheçamos que o 15.11.1889 nada trouxe de novo para melhor. É a data de um dos golpes civis-militares que permeiam a história de nosso país, quando um monarca se retira apático e em silêncio para a França, e um grupo de políticos-militares assumem o poder diante de um povo abobalhado que não entendia nada do que estava acontecendo.

 

Assim nasceu a República Federativa (antes, dos Estados Unidos) do Brasil.

 

De lá para cá, uma sequência de pequenos e grandes golpes; gerais ou localizados, mas criando-se uma história em que a elite insiste em manter o povo alheio e alienado das questões cruciais do país. Sempre a repressão violenta, sempre a preocupação com o extermínio ...

 

Apesar de tudo, a Guerra de Canudos e a Revolta da Armada são exemplos de que sempre tivemos uma parcela da população viva até o momento em que reagia. Nos acostumamos ao extermínio, às mortes em quantidade ... tudo vai parecendo muito normal. Vamos fechar 2013 com mais de 50 mil homicídios e muitas promessas.

 

- Paulo Santos

publicado por animalsapiens às 11:05

27
Abr 13
 Eu PROTESTO !

Que Emile Zola me permita recorrer ao seu estilo em "Eu Acuso", usado no caso Dreyfus, em 1898.

- Eu protesto contra o abuso do volume de som usado na festa da cerveja (que nada tem a ver com a Oktoberfest, em SC), em Divinópolis, atravessando a noite até as seis da manhã, sem considerar a existência de idosos, doentes e mesmo daqueles que preferem se divertir de outra forma, ou ficar na sua rotina;

Eu protesto contra a inoperância, ineficiência ou negligência das autoridades públicas (MP, Polícia do Meio Ambiente, Prefeitura ...) por deixar que tais coisas se repitam, ano após ano, aqui e ali, comprometendo a saúde pública;

Eu protesto contra o poder econômico que se alia aos interesses políticos, passando por cima de qualquer questão moral ou legal;

Eu protesto contra a mentalidade de rebanho que permite manipular as pessoas, tal como as define Zé Ramalho em 'Admirável Gado Novo', fazendo com que o povo financie, sem perceber, a construção do seu próprio curral;

Eu protesto contra o silêncio e o conformismo dos prejudicados, apesar de saber que recorrer aos poderes públicos é praticamente inútil;

Eu protesto contra o enriquecimento de alguns com base na exploração dos vícios e da ignorância de muitos;

Eu protesto por causa da criação de preconceitos contra aqueles que preferem outras formas de lazer e de prazer, e porque se recusam a aceitar o cabresto dos donos do poder.

"O povo foge da ignorância
Apesar de viver tão perto dela
E sonham com melhores tempos idos
Contemplam esta vida numa cela
Esperam nova possibilidade
De verem esse mundo se acabar
A arca de Noé, o dirigível,
Não voam, nem se pode flutuar
Êh, oô, vida de gado
Povo marcado
Êh, povo feliz!"

Link: http://www.vagalume.com.br/ze-ramalho/admiravel-gado-novo.html#ixzz2RetZKCFF
 
Zé Ramalho - Admirável Gado Novo
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- por Paulo Santos
publicado por animalsapiens às 12:34

26
Out 12

O Estado é laico, mas as pessoas não são. É o que se houve como suposto argumento definitivo para justificar a presença das religiões nas decisões políticas. Porém, é preciso se perguntar até que ponto uma bancada religiosa pode influenciar nos resultados de temas que atingem toda uma população, partindo dos valores doutrinários de uma determinada crença ou grupo de crenças. Aborto e homossexualidade são temas religiosos, médicos ou políticos? Se reduzem a temas da bioética e da filosofia? Nos parece que não! Uma sociedade se estrutura sobre valores que as leis representam, e cabe ao Estado, como instância jurídico-administrativa, zelar pelo equilíbrio dos interesses através de legislação e fiscalização adequadas.

 

O púlpito ou a tribuna, o espaço religioso e da fé, podem ser convertidos em espaços de debates políticos? De campanhas em favor disso e contra aquilo, com base nas crenças e valores de determinada religião? A religião que predominar imporá seus valores pela legislação que ajudará a construir?

 

Todos os segmentos sociais podem encaminhar suas demandas e formar grupos de pressão para levá-las a análise em ambiente próprio. Mas isso deve ser feito pelos caminhos legais criados, isto é, pelos canais partidários, movimentos e mobilizações, sem que se partidarize a religião em si. É o que vem acontecendo no Brasil e pode representar perigo crescente para as eleições futuras. Muitos candidatos já sucumbiram às pressões religiosas e se apresentam em templos e igrejas com a mesma desenvoltura que teriam em um palanque armado numa praça. Os espaços, não apenas o público e o privado, o laico e o sagrado, estão se misturando, de modo a dificultar posicionamentos que equilibrem o convívio social, sem alimentar - ainda mais -, as animosidades, ressentimentos e intolerâncias já existentes.

 

A religião, enquanto instituição e criação humana, tem sido motivo mais de desavenças do que de convergências. Convém cuidado e cautela para que o Estado, encarregado da res publica, seja capaz de - através de nossos representantes - decidir da forma mais adequada para que a vida social exista sem fraturas e zonas de conflito geradas por leis inspiradas em doutrinas religiosas que podem ser boas para uns e não para todos.

 

- por Paulo Santos

 

publicado por animalsapiens às 18:41

07
Out 12

Num país como o Brasil, onde o voto é obrigatório, o 'sagrado direito democrático' ao voto está mais uma vez assegurado para o dia de hoje. Será que, uma vez cumprido o rito, alguma coisa efetivamente muda para melhor? O atual modelo político permite mudanças ou apenas garante mais do mesmo, e dos mesmos ? Por que a política brasileira é vitalícia e hereditária? Vemos os mesmos candidatos, ou seus descendentes, disputando as vagas num processo que lembra os títulos de nobreza de outros tempos. O mecanismo eleitoral facilita a passagem do título com o verniz da escolha.

 

Com isso, vivemos uma crise de credibilidade dos políticos e da própria política. Quem está no parlamento não quer mudanças, pois essas só dificultariam a sua permanência no poder. A retória democrática, apoiada pela chamada grande mídia, faz parecer que existe possibilidade real de mudanças nos cargos, de modo que os antigos clãs políticos finalmente sejam substituídos por uma nova geração.

 

Vamos cumprir o rito, mas não convém ter esperanças de mudanças reais e efetivas no quadro geral da política nacional. Os mesmos, ou seus sucedâneos, estarão lá, ocupando os cargos para darem continuidade e manutenção nas engrenagens do poder.

 

publicado por animalsapiens às 11:28

30
Ago 12

O episódio conhecido com 'mensalão', em julgamento pelo instância máxima do Judiciário brasileiro, aponta várias coisas que não são devidamente evidenciadas. Uma delas são os muitos anos decorridos desde o suposto episódio; outra, o caráter possivelmente mais político que técnico do julgamento; os muitos interesses e interessados nisso; a necessidade de 'bodes expiatórios' ao lado dos verdadeiros culpados para possibilitar a exploração política em momento eleitoral, com grave crise de representatividade e de credibilidade em andamento.

 

São alguns aspectos dentre muitos outros. O que vem a seguir, depois de concluído o processo, é uma verdadeira caixa de Pandora. Mas, mantém a política brasileira desacreditada sob o olhar desinteressado do cidadão e eleitor comum, para quem tudo isso se resume a uma crise de interesses entre os 'grandes', e onde o povo não aparece como protagonista, ator ou interessado; é apenas expectador passivo, como se o caso não lhe dissesse respeito.

 

publicado por animalsapiens às 12:55

28
Ago 12

1 - Não se iluda com a aparência ou performance do candidato. Política não é espetáculo !

2 - Seu voto pode criar as possibilidades para um oportunista ou corrupto assumir o poder em seu nome; não venda seu voto e não se venda !

3 - Desconfie de candidatos que prometem coisas sem dizer de onde, como e quando os recursos virão. Dinheiro não aparece do nada !

4 - Lembre-se que a Política faz parte da vida humana e omitir-se é um ato politico !

5 - A política partidária é uma forma de escolher pessoas que podem - ou não ! - representá-lo na hora das decisões sobre para onde vai o dinheiro dos impostos.

6 - Cuidado com os oportunistas e espertalhões. Nunca estão lá por competência ou mérito !

7 - Não se iluda ! Política de bastidores (acordos, conchavos, maracutaias, tretas, manipulações) existe sim !

8 - Não decida emocionalmente. Pense bem em quem vai depositar confiança por quatro anos ! Será que o candidato é bom só por ser parente ou amigo?

9 - Não pense que dizer: Detesto política ! vai mudar alguma coisa para melhor. Lembre-se que você também pode precisar dos serviços de saúde ou de uma vaga em escola pública para seu filho !

10 - Se você não quiser participar das decisões políticas - a começar pelo voto consciente -, saiba que outros o farão, e que o poder de decidir pode cair nas mãos dos piores. Então, não reclame depois dizendo que 'político é tudo igual'; não são !

 

- por Paulo S.

publicado por animalsapiens às 20:16

Os pequenos ganhos da população, os ajustes e escassas melhorias no sistema eleitoral brasileiro, de forma alguma garantem que as eleições deste ano abrem espaços para os novos candidatos. O sistema, em seu conjunto funcional, ainda privilegia as velhas oligarquias, as raposas da política, os candidatos bem municiados com dinheiro privado e público, sem contar as promessas que não serão cumpridas e a tendência à velha política vitalícia e hereditária. Sem uma profunda reforma do sistema, não adianta fiscalizar a campanha em si, ou tentar punir os violadores das leis eleitorais a posteriori. Hora de mudar !!

publicado por animalsapiens às 11:54

22
Ago 12

Assim como na guerra, na política também ocorrem vítimas. A primeira vítima da má política - essa que é predominante -, assim como na guerra, é a verdade. Cada contendor, adversário, candidato etc., tem visões próprias sobre vários assuntos; interesses próprios e daqueles que ele representa, mesmo ao dizer que pretende representar a todos da comunidade, o que não é tarefa fácil para alguém que se apresenta para realizar projetos por período de quatro anos, insuficientes para a tramitação de coisas duradouras e essenciais pelos tortuosos caminhos da burocracia, da negociação política, da persuasão dos adversários nas votações em plenário, na habilidade de fazer a política partidária funcionar, dentro de seus três princípios básicos: pressionar, negociar e conciliar, sem abrir mão da transparência e da honestidade.

 

A verdade é que as regras do jogo político-partidário válidas atualmente no Brasil, favorecem alguns e prejudicam outros. Não existe um ponto de partida igual para todos os candidatos e para as sempre minoritárias candidatas. Partidos têm dono ? Na prática, sim. Os financiadores e apoiadores de campanha esperam retorno por parte do 'cacique' do partido político que apoia. É uma barganha, pois há muitos interesses em jogo. Não existe política partidária isenta e nem poderia existir, já que cada grupo, em tese, representa uma parcela da sociedade, por trás do discurso que apresenta intenções de contemplar a todos. Política partidária na democracia representativa, se faz por segmentos e parcelas, grupos de pressão e interesses. Fora disso, o que há é pura ingenuidade.

 

Outras vítimas são a credibilidade da política como forma de equacionar interesses divergentes e, consequentemente, da representatividade: o descrédito dos políticos. O estrago é, em geral, causado pelos contínuos escândalos, o baixo nível ético e intelectual dos parlamentares, o oportunismo e o carreirismo, desejos de domínio e poder, os espertalhões de plantão, a falta de cumprimento dos compromissos de campanha, e nossa tradição de política vitalícia e hereditária. São golpes contra a democracia. São confusões que se criam entre as fronteiras sobre o público e o privado.

 

publicado por animalsapiens às 11:52

11
Ago 12

Novo post em blog do ozaí

As cartas de Rosa Luxemburgo

by Antonio Ozaí da Silva

A obra da revolucionária Rosa Luxemburgo, traduzida diretamente do alemão (por Isabel Loureiro, Mário Luiz Frungillo e Stefan Fornos Klein) e do polonês (por Bogna Thereza Pierzynski, Grazyna Maria Asenko da Costa e Pedro Leão da Costa Neto), organizada e com notas e revisão técnica de Isabel Loureiro, foi lançada pela Editora UNESP em 2011. Os Textos Escolhidos, volumes I e II, abrangem os escritos de Rosa Luxemburgo no período 1899-1914 e 1914-1919. O volume III apresenta uma coletânea de cartas de Luxemburgo, escritas antes e depois da I Guerra Mundial.

Embalado pela leitura da biografia de Rosa Luxemburgo, escrita por Elzbieta Ettinger (1989), inverti a ordem e comecei a ler pelo Volume III. O intuito foi conhecer mais profundamente a ‘outra’ Rosa Luxemburgo, o ser humano, uma mulher, nas palavras de Isabel Loureiro, “fascinante, sensível, sonhadora, profundamente ligada à vida – mas sem medo de morrer –, pronta a consolar os amigos, apaixonada pela natureza e as artes, uma intelectual sintonizada com a vida cultural do seu tempo. E também uma mulher divertida, irônica, cuja língua afiada não poupava ninguém, nem sequer a si mesma” (p. VIII-IX).

De fato, a cada carta lida confirma-se o perfil delineado pela organizadora deste volume e realiza-se o objetivo da publicação. A seleção das cartas publicadas enfatizam o caráter pessoal e revelam aspectos poucos conhecidos dessa mulher revolucionária e teórica marxista judia-polonesa-alemã:

“Estas cartas questionam o estereótipo da militante revolucionária sem direito à vida privada, unicamente dedicada a forjar um futuro melhor para a humanidade. Rosa é materialista o bastante para se jogar sem concessões na embriagues da vida, aceitando apaixonadamente alegrias e dores como parte de um mesmo conjunto. Mas, acima de tudo, somos tocados por sua vitalidade, algo que sempre chamou a atenção dos comentadores: reprimir o desejo de ser feliz não era com ela. Como Korolenko, romancista russo que traduziu na prisão, Rosa pensava que “o homem é criado para ser feliz como o pássaro para voar” (p. XI).

Na correspondência com Leo Jogiches, com Constantin (Costia) Zetkin, Paul Levi, Hans Diefenbach, Sonia (Sophie) Liebknecht, Luise Kautsky, Clara Zetkin e Mathilde Jacob, revelam a condição humana, limites e potencialidades, de uma mulher geralmente mais conhecida por seus textos clássicos e sua história de militância na social-democracia alemã-polonesa e na Internacional Socialista (II Internacional). A leitura das suas cartas nos remete ao contexto social e político da época, aos dilemas dos que persistiram nos caminhos da revolução. Mas, sobretudo, nos permite refletir sobre o humano demasiado humano dos que almejam transformar o mundo.

Com efeito, tendemos a racionalizar e considerar os textos políticos e teóricos em sua forma – a mensagem em si – e desconsideramos a vida que respira e pulsa, o ser humano concreto que pensa e sente. De certa forma, tendemos a fazer uma espécie de assepsia que anula a necessidade de compreender o ser humano que abriga as idéias e pensamentos materializados em textos, livros, etc.

A leitura das cartas de Rosa Luxemburgo é um exercício humanizador. Ainda que dirigida a outros, em muitos momentos parece que ela os fala diretamente. Os contextos históricos são diferentes, mas os sentimentos humanos permanecem inalteráveis. Ler Rosa Luxemburgo é também uma maneira de tentar compreender a existência humana, a complexidade e o significado mais profundo de ser-no-mundo!

 

Referência

ETTINGER, Elzbieta. Rosa Luxemburgo – Uma vida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1989.


*  Resenha:  LOUREIRO, Isabel. (Org.) Rosa Luxemburgo: Cartas – Volumes III. São Paulo: Editora UNESP, 2011 (398 p.). Publicada originalmente na REA, nº 135, agosto de 2012, disponível em http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/18163/9580

 

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publicado por animalsapiens às 22:32

10
Jul 12

Sobre o sistema histórico actual

Os defensores do sistema histórico actual salientam em permanência o que consideram ser as suas três grandes virtudes: abundância material, estruturas políticas liberais e curvas de longevidade ascendentes. Os críticos desses supostos méritos salientam o contrário: abundância material para poucos, ausência de participação popular significativa nos processos decisionais e qualidade de vida por todo o lado comprometida (de um livro de Immanuel Wallerstein).


http://www.oficinadesociologia.blogspot.com.br/

publicado por animalsapiens às 12:14

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