Assim como na guerra, na política também ocorrem vítimas. A primeira vítima da má política - essa que é predominante -, assim como na guerra, é a verdade. Cada contendor, adversário, candidato etc., tem visões próprias sobre vários assuntos; interesses próprios e daqueles que ele representa, mesmo ao dizer que pretende representar a todos da comunidade, o que não é tarefa fácil para alguém que se apresenta para realizar projetos por período de quatro anos, insuficientes para a tramitação de coisas duradouras e essenciais pelos tortuosos caminhos da burocracia, da negociação política, da persuasão dos adversários nas votações em plenário, na habilidade de fazer a política partidária funcionar, dentro de seus três princípios básicos: pressionar, negociar e conciliar, sem abrir mão da transparência e da honestidade.
A verdade é que as regras do jogo político-partidário válidas atualmente no Brasil, favorecem alguns e prejudicam outros. Não existe um ponto de partida igual para todos os candidatos e para as sempre minoritárias candidatas. Partidos têm dono ? Na prática, sim. Os financiadores e apoiadores de campanha esperam retorno por parte do 'cacique' do partido político que apoia. É uma barganha, pois há muitos interesses em jogo. Não existe política partidária isenta e nem poderia existir, já que cada grupo, em tese, representa uma parcela da sociedade, por trás do discurso que apresenta intenções de contemplar a todos. Política partidária na democracia representativa, se faz por segmentos e parcelas, grupos de pressão e interesses. Fora disso, o que há é pura ingenuidade.
Outras vítimas são a credibilidade da política como forma de equacionar interesses divergentes e, consequentemente, da representatividade: o descrédito dos políticos. O estrago é, em geral, causado pelos contínuos escândalos, o baixo nível ético e intelectual dos parlamentares, o oportunismo e o carreirismo, desejos de domínio e poder, os espertalhões de plantão, a falta de cumprimento dos compromissos de campanha, e nossa tradição de política vitalícia e hereditária. São golpes contra a democracia. São confusões que se criam entre as fronteiras sobre o público e o privado.