“O folhetinista deve cercar-se de técnicas para envolver o leitor fazendo com que o fim de uma história/capítulo provoque o desejo seguinte.” (Alexandre Dumas apud Gramsci)
“O folhetinista deve cercar-se de técnicas para envolver o leitor fazendo com que o fim de uma história/capítulo provoque o desejo seguinte.” (Alexandre Dumas apud Gramsci)
"A vida inventa! A gente principia as coisas, no não saber por que, e desde aí perde o poder de continuação - porque a vida é mutirão de todos, por todos remexida e temperada." Riobaldo, no Grande Sertão: Veredas - JG Rosa
Caro leitor ou leitora! Conhece aquela literatura utilitarista tipicamente estadunidense que tenta 'ensinar' coisas do tipo 'fique rico em 8 lições', 'emagreça em 6 lições', 'como influenciar pessoas', 'seja um líder em 10 lições' ... e por aí afora? Acho a maior graça! A vida real é mais complicada, mas isso aí vende bem e as editoras agradecem pela existência dos ingênuos.
Claro que existem exceções! Poucas, mas existem. Alguns livros para 'sucesso instantâneo', para coisas que supostamente podem ser conseguidas sem esforço, para resultados imediatos em aspectos da existência para os quais se leva uma ou duas vidas ... Mas eles, os livros, estão por aí e são lidos e levados a sério. Tempos estranhos esses ... No passado se levava anos para se formar alguém em algo que valesse a pena, e agora se tenta criar soluções mágicas ou entendidos em tudo, em ritmo fabril e febril! Estilo miojo de ser! Já vem pré-cozido!
Mas um bom observador da vida sabe que a realidade não funciona bem assim. O que fácil vem, fácil vai. Conquistas duradouras exigem determinação e disciplina, método e meta, conhecimento ... tanto no amor quanto na guerra! E mesmo assim é possível errar, mesmo tendo tomado todas as decisões certas!
- por Paulo Santos
"Quim olhava os pés dela, não humilde mas melódico. Mas o amor assim pertencia a outra espécie de fenômenos? Seu amor e as matérias intermediárias. O mundo do rio não é o mundo da ponte". - Do conto Orientação, em Tutaméia.
"A vida são dívidas. A vida são coisas muito compridas." - Tutaméia / J. G. Rosa
"Amar é querer se unir a uma pessoa futura, única, a mesma do passado?" - G. Rosa / Tutaméia
Foto: Paulo Santos |
"O mal está apenas guardando lugar para o bem. O mundo supura é só a olhos impuros. Deus está fazendo coisas fabulosas. Para onde nos atrai o azul? - calei-me. Estava-se na teoria da alma." (Guimarães Rosa, em Tutaméia)
"Se Auschwitz existiu, Deus não existe"; essa certamente é a mais melancólica e desesperadora frase do livro que virou filme: A Trégua, do escritor italiano Primo Levi (Turim, 31 de julho de 1919 — Turim, 11 de abril de 1987), um dos sobreviventes desse campo de concentração, conservado como história-memória de coisas que não deveriam mais acontecer. Mas acontecem! Ainda temos a Faixa de Gaza e outras regiões no mundo que são mais ou menos como campos de concentração, de refugiados, tal como as comunidades pobres chamadas de 'favelas', quase sempre associadas, equivocadamente, a locais de criminalidade e narcotráfico.
Mas, e os presídios brasileiros, sempre superlotados? E as escolas, um tanto como centros de confinamento, onde os alunos são tratados como códigos de barras? E certos hospitais com gente deitada pelo chão ou em macas improvisadas? Se lá houve a industrialização da morte, hoje vemos a banalização da morte e da própria vida. E o que virá depois? Quando haverá tempo e interesse reais pela tolerância, solidariedade e para a compaixão?
'Só sei que há mistérios demais, em torno dos livros e de quem os lê e de quem os escreve; mas convindo principalmente a uns e outros a humildade. A fazedora de velas, queira Deus o acabe algum dia, quando conseguir vencer um pouco mais em mim o medo miúdo da morte, etc. Às vezes, quase sempre, um livro é maior que a gente.'
Guimarães Rosa, Tutaméia. Sobre a escova e a dúvida.