Para falar de gente, de seres humanos, do bicho humano perfectível, apesar de tudo. Do Animal sapiens, mas a partir de agora do "Homo spiritualis", com sua fé e religiosidade muitas vezes confusa, gerando preconceitos, discriminações.

18
Set 12

Para quem não entende porque um filme amador que ofende o Islã e seu profeta maior, Maomé, gerou tanta reação, basta experimentar colocar Jesus no lugar e ver o que acontece no Ocidente. Referências negativas a divindades, lideranças religiosas, tradições de longa data, não poderiam gerar outra coisa que não fosse a violência, já que essas são âncoras para a vida espiritual, como também emocional e social, de muitos povos.

 

A guerra entre ocidentais e islâmicos, criada pelos angloamericanos e aliados, em seus propósitos de expansão e controle do Oriente Médio, vem gerando confusão, uma visão distorcida de uma cultura e, principalmente, reações de agressividade e violência de parte a parte.

 

Já tive alunos, jovens que jamais víram um semita na vida, menos ainda um muçulmano, terem reações emocionais extremamente negativas diante de qualquer referência ao mundo islâmico. A longa propaganda antissemita e de 'caça aos terroristas' afeta a formação psicossocial desses jovens, levando-os a não tolerarem inclusive o que não conhecem, a não ser de segunda mão, de 'ouvi dizer'.

 

Enfim, pagamos um alto preço em vidas, em incertezas e inseguranças, por conta dessas práticas medievais de perseguições por motivação mais geopolítica do que religiosa ou ideológica. A violência vai aumentar enquanto não se repensar os rumos que damos aos nossos atos diante de tudo isso, e certamente a intolerância é o combustível desse  crime de lesa-humanidade.

publicado por animalsapiens às 11:38

18
Jul 11

Inimigo meu” é o nome de um filme do gênero ficção científica, produzido nos Estados Unidos em 1985. Antigo na produção, atualíssimo na temática. O que hoje vemos - e que é apresentado no filme -, é a mais pura realidade. Intolerâncias, xenofobia, discriminação, preconceitos diversos, reações emocionais e irracionais diante do 'outro', diante do diferente, daquele que não se veste ou fala como nós, que não come da mesma comida e nem reza pela mesma cartilha religiosa ou política.

- Um piloto militar humano e um outro de origem reptiliana entram em combate no espaço próximo a um planeta inóspito e desabitado. Ambos são abatidos e caem perto um do outro. A desconfiança mútua, baseada no 'ouvi dizer', nas suposições e conjecturas a respeito do outro'', se apresentam logo no início, preparando o ambiente para um confronto mortal. No entanto, a necessidade de sobrevivência os faz se aproximarem, pois a cooperação, e não a competição, será a possibilidade de continuarem vivos.

Além das diferenças morfológicas, de língua e visão de mundo, há toda uma diversidade no arsenal tecnológico usado, nas crenças e costumes, embora o propósito inicial de ambos seja o mesmo: conquista e domínio. O convívio os forçará a ver que, ao final de tudo, superada a barreira do medo e da linguagem, estabelecido o diálogo, descobrem que todas as crenças apontam para uma verdade única: a cidadania cósmica e o direito à vida e de ser e viver como se deseja.

Ao longo da trama e dos muitos perigos vividos juntos, a amizade e a lealdade se consolidam levando a um final muito interessante que não comentaremos aqui, para não privar o eventual leitor ou leitora do prazer de descobrir, por si mesmo, que nossa humanidade pode ser diferente, … pode ser melhor.

- Diante de crises econômicas, sociais ou políticas, sempre se buscam culpados. Num passado recente foram os judeus, agora são os ciganos perseguidos numa Europa que recuperou sua xenofobia, e também no Brasil pré-eleitoral vimos os nordestinos serem estigmatizados por aqueles e aquelas que se acham superiores. Impressiona ver como o avanço técnico-científico não foi acompanhado por um equivalente avanço no campo ético e da convivência.

Estamos vivendo um processo de descivilização. A barbárie se mostra com todas as cores e formas. O medo do 'outro' supera o medo das ideologias, das diferenças religiosas e políticas. Pela primeira vez na história humana, um ser humano passa a temer qualquer outro ser humano que se aproxime. O nível de desconfiança e insegurança chegou ao nível quase paranoico. As sociopatias aumentam tanto quanto os ressentimentos obscuros.

O sociólogo polonês Zygmunt Bauman fala em medo líquido (Z. Bauman, Medo Líquido, Jorge Zahar Ed., 2006). Não é um medo qualquer, mas um medo pegajoso que se gruda no próprio ser e do qual não se livra facilmente. Nas cidades as pessoas temem-se umas às outras. Um clima de suspeita permanente se instala, favorecendo a proliferação dos predadores urbanos de todos os tipos.

Karl Marx escreveu que os sofrimentos coletivos são as dores do parto de uma civilização grávida de outra. Esperemos que sim! Há poder armazenado suficiente para nossa autodestruição. As mudanças climáticas exigem urgente mudança de comportamento em relação ao planeta e ao padrão de consumo. Por outro lado, a maioria das pessoas não parece estar a par da gravidade da situação e a entrega para ser solucionada pelo Estado. O Estado é uma abstração perigosa. Na prática são pessoas interessadas em garantir intereses pessoais, grupais ou de corporações. Só uma minoria de políticos se ocupa com o bem-estar da população.

A mudança na maneira de encararmos uns aos outros, além de seres pertencentes a uma mesma espécie, deve ir ao entendimento de que precisamos uns dos outros; de que as diferenças são parte da diversidade e do colorido humano. Nesse ponto, o filme citado é bem esclarecedor, ao alertar para a aproximação e para o esforço necessário de conhecer o outro em suas singularidades. Só assim o medo se desgruda de nós e uma nova convivência é possível.

publicado por animalsapiens às 12:00

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