Para falar de gente, de seres humanos, do bicho humano perfectível, apesar de tudo. Do Animal sapiens, mas a partir de agora do "Homo spiritualis", com sua fé e religiosidade muitas vezes confusa, gerando preconceitos, discriminações.

27
Mar 13

A falta de bom senso e de senso de justiça num país onde os donos do capital e da terra mandam e desmandam, se mostra na crescente onda de violência pelo país afora. A falta de investimentos no essencial: educação, saúde, segurança, transporte etc., já mostram seus resultados.

 

Expulsar pessoas que se organizaram de algum modo em terrenos cujos donos nem aparecem - às vezes terras devolutas -, com toda a truculência conhecida e vista pela tv ao vivo e em cores (casos Pinheirinho e Maracanã, por exemplo), pode estabelecer uma relação direta e contínua entre o ressentimento e a desconfiança do povo em relação ao Estado (que devia lhe dar proteção e segurança), e o aumento do 'efetivo' disponibilizado para o crime organizado, seja PCC, CV ou qualquer outro.

 

Caminhamos rapidamente para uma crescente desconfiança contra as instituições públicas. Seja quanto ao Judiciário, pela lentidão e respostas a depender do nível social e econômico dos envolvidos; seja o Legislativo, privatizado por corporações, seitas e oligarquias; seja pelo Executivo envolvido numa lógica que se ocupa em como o Brasil será visto 'de fora pra dentro', em função da Copa e das Olimpíadas, numa corrida desenvolvimentista que privilegia de algum modo o capital, apesar das medidas sociais de largo alcance, mas que não mudam as estruturas injustas de um país injusto.

 

Aliás, 'nova classe média' é uma balela, pois o brasileiro não tem dinheiro, mas crédito ... e a inadimplência já está aí.

 

- por Paulo Santos

 

publicado por animalsapiens às 10:53

28
Fev 13

O aumento do uso abusivo de drogas leva a muitas questões, que não cabem no espaço e propósito de um post. Mas, com certeza, agir como em tempos não muito distantes, internando compulsoriamente os envolvidos com esse mundo, não será a melhor solução, a não ser em casos excepcionalíssimos. A experiência da internação compulsória dos hansenianos demonstra a ignorância e a política de higienismo social, ainda em vigor em alguns lugares e em muitas mentes. Afinal, a Copa e as Olimpíadas estão chegando e os políticos, viciados em poder e preconceitos, querem mostrar um Brasil com uma aparência surreal!

 

A Constituição brasileira estabelece que ninguém será submetido a tratamento desumano, degradante nem a constrangimentos. Internação compulsória de drogaditos é constrangimento, mesmo que sob a capa de uma lei que passa por cima da lei maior. Drogas é problema de saúde pública e não de polícia ou de segregação social.

 

A solução possível é a regulamentação do uso (regulamentação  não é legalização), de modo que o Estado possa assumir controle dessa complexa área da vida social. Esse mesmo Estado que se mostra o maior violador dos direitos humanos.

 

- por Paulo Santos

publicado por animalsapiens às 10:58

08
Jan 13

A violência urbana no Brasil cresce espantosamente, sendo tratada com brutalidade e truculência pelos governantes, como se não houvessem causas conhecidas por trás de tudo isso. A primeira é que os pobres não são mais dóceis como no passado, como já afirmou o professor Renato Janine Ribeiro em entrevista não muito recente. Outras causas são as enormes desigualdades (ainda), os preconceitos disfarçados ou não, a cisão agora clara entre sociedade civil e sociedade política, sendo que os primeiros formariam uma categoria de cidadãos de segunda classe, aos quais caberia o esforço produtivo, apropriado pela segunda.

 

O aparecimento de grupos criminosos organizados, tanto os de colarinho branco como os 'pés-de-chinelo', já demonstram o que vem se formando no Brasil desde sua origem, com alguns eventos marcantes que vão da militarização do poder político, com consequências desastrosas como a guerra de Canudos, do Contestado e de outros movimentos de resistência civil, até o massacre do Carandiru e da Candelária. Estes últimos sendo os que inauguram a nova fase de violência generalizada que nos atormenta o cotidiano e cada vez mais se naturaliza.

 

Para complicar mais as coisas, governantes optam pelo 'desenvolvimentismo' como forma de manter braços e mentes ocupados com o fazer do país um parque de obras, sem a atenção devida com a educação, saúde, segurança pública que priorize a segurança do cidadão, transporte público decente, arte e cultura de qualidade acessíveis etc. Será que está começando uma 'primavera brasileira', imprevisivel quanto aos resultados? E vem a Copa por aí !

 

- por Paulo Santos

 

publicado por animalsapiens às 09:45

18
Jul 12

Enquanto países vizinhos do Brasil, como Argentina e Chile, levam aos tribunais seus ditadores e torturadores, no Brasil criou-se uma comissão da verdade que terá efeito moral e histórico, mas não legal. Isso não ajuda a reduzir a mancha que nos envergonha, que é a impunidade, seja dos grandes como dos pequenos delitos. Com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), anacrônico e paternalista, e um Código Penal, em lenta atualização, a impunidade corre solta pelo país.

 

Cargos, títulos, um jaleco, uma carteira qualquer, uma arma na cintura ... e vemos pessoas agindo como se estivessem acima das leis. Fato é que a Justiça não é a mesma para todos, num país onde uns são mais iguais que outros. Direitos Humanos tornam-se retórica onde a truculência prevalece e o próprio Estado é o principal violador dos direitos.

 

Como será que vai acabar o 'caso Cachoeira' ?

publicado por animalsapiens às 12:07

28
Mai 12

Novas perguntas à Comissão da Verdade

Que papel tiveram no golpe (e na repressão) empresários, jornais e instituições religiosas? Já que perguntar é inofensivo, pelo menos caprichemos um pouco…

Por Guilherme Scalzilli, em seu blog

Outro dia um anônimo formulou “Dez Perguntas para a Comissão da Verdade”, que preencheram um vazio discreto na edição da Folha de São Paulo. São elas: que fim levaram os guerrilheiros mortos no Araguaia? Como morreram Vladimir Herzog e Rubens Paiva? Quem eram os informantes do regime? Quem praticou maus tratos nos porões? O que ocorreu na Casa da Morte de Petrópolis e na da Rua Tutóia? Como funcionou a aliança entre as ditaduras da Operação Condor? Onde foram enterradas as vítimas do regime?

Apesar do aspecto meio acaciano de algumas questões, elas abarcam mais ou menos o que se espera do limitado alcance do grupo nomeado pelo governo federal. Mas agregam um enfoque preguiçoso e acomodado, dirigido àquela zona confortável do tema que já foi explorada por extensa bibliografia. Restam outras lacunas que também mereceriam a atenção dos investigadores, justamente porque menosprezadas pela historiografia e pela mídia corporativa:

- Como se relacionaram os grandes veículos informativos da época com o movimento golpista pré-64?

- Que apoios logísticos, financeiros e humanos dedicaram esses veículos ao regime?

- Quais foram os analistas, jornalistas, intelectuais e celebridades que apoiaram o golpe?

- Que empresas nacionais e estrangeiras financiaram a tenebrosa Operação Bandeirante e outros sistemas criminosos?

- Que papel tiveram empresários, diretores e demais representantes de corporações privadas na sustentação do aparato repressor?

- Como as instituições religiosas e os conselhos profissionais se posicionaram em relação à ditadura?

Já que perguntar é inofensivo, pelo menos caprichemos um pouco nas perguntas. Expectativas à parte, claro.

 

www.outraspalavras.net

publicado por animalsapiens às 12:26

24
Abr 12

Água: o Banco Mundial insiste em privatizar

Segundo revela novo estudo, instituição continua financiando políticas que entregam abastecimento a grandes grupos econômicos — apesar de décadas de fracasso

Por Johanna Treblin, na IPS/Envolverde

Apesar de ficar demonstrado que a privatização da água é prejudicial para os pobres, um quarto dos fundos do Banco Mundial vão diretamente para empresas do setor, afirma um documento divulgado semana passada. O estudo assegura que o Banco apoia as empresas privadas da água, passando por cima de governos e de seus próprios padrões de transparência.

As populações de muitos países do Sul em desenvolvimento têm difícil acesso a água potável, e o enfoque para remediar este problema tem sido depender cada vez mais de empresas privadas. Entretanto, isto é pernicioso, segundo o informe da organização não governamental Corporate Accountability International (CAI), com sede nos Estados Unidos.

A CAI exortou o Banco Mundial a deixar de financiar o setor privado da água e mudar a direção dos fundos para focá-los em instituições públicas e democraticamente responsáveis. A divulgação do informe, intitulado Shutting the Spigot on Private Water: Case for the World Bank do Divest (Fechando a torneira para a água privada: argumentos para que o Banco Mundial desinvista), coincide com o início das reuniões que esse organismo realiza com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

A Corporação Financeira Internacional (CFI), ramo do Banco dedicado a fomentar o desenvolvimento econômico por meio do setor privado, investiu US$ 1,4 bilhão em empresas de água desde 1993, segundo o estudo. Até janeiro de 2013, os investimentos crescerão US$ 1 bilhão ao ano. O informe também assinala que, para cada dólar que a CFI coloca em um projeto, ela atrai entre US$ 14 e US$ 18 em investimentos privados complementares.

Isto explica porque o Banco Mundial e a CFI continuam financiando companhias privadas de água, mesmo quando cerca de um terço de todos os contratos assinados entre 2000 e 2010 fracassaram ou estão em risco de fracassar, quatro vezes mais do que no caso de projetos de infraestrutura nos setores de eletricidade e transporte, segundo a CAI.

“Em lugar de se concentrar em garantir o acesso a água potável inclusive  economicamente, o Banco Mundial promove medidas que deixarão mais cara a água para os consumidores”, diz, por outro lado, um informe de 2010 da organização não governamental Food and Water Watch. O alto custo também pode ser definido em termos humanos. O mesmo documento indica que a má qualidade da água e do saneamento permite a propagação de parasitas que “são a principal causa de doenças e mortes no mundo em desenvolvimento”.

A CAI também crítica vários conflitos de interesses, como o fato de o Banco Mundial ser dono de empresas do setor da água enquanto se apresenta como conselheiro imparcial. No fim das contas, o “Banco Mundial é o motor por trás desta invasão corporativa nos sistemas e nos serviços de água”, afirmou a CAI em seu site. O Banco Mundial estimula os países a privatizarem seus sistemas de água ou modificá-los para que tenham por foco o lucro, acrescentou.

O Banco Mundial também promove o desenvolvimento de infraestruturas que oferecem vantagens para os “usuários de grandes corporações, acima dos interesses dos indivíduos ou das comunidades”, afirma a diretora-executiva da CAI, Kelle Louaillier. “Em meio a uma crise mundial da água, o Banco está desperdiçando os recursos necessários para salvar milhões de vidas. Seus estatutos estabelecem que deve ajudar os que têm mais necessidade, mas sua aposta financeira nas corporações da água está criando perversos incentivos que solapam a própria missão do Banco”, enfatizou.

Segundo a CAI, as privatizações prejudicam os mais pobres, limitando o acesso ao recurso e afetando os direitos humanos, com ocorreu em Manila, Filipinas, onde o Banco Mundial ajudou o governo filipino a desenhar um plano de privatização. “Anos depois, muitos moradores de Manila ainda carecem de água, e os problemas de acesso se agravaram”, disse Shayda Naficy, especialista da CAI. “A CFI chama isso de êxito, e foi, para seus investidores. Contudo, é um tremendo fracasso do ponto de vista dos moradores e seu direito à água”, ressaltou.

Por outro lado, um porta-voz do Banco Mundial disse à IPS que o informe da CAI desvirtua o papel do órgão e carece de profundidade. “Os serviços de financiamento e assessoria da CFI asseguraram água potável e saneamento a mais de 20 milhões de pessoas até 2011”, afirmou. “Se mudam as hierarquias, existe a possibilidade de o Banco mudar seu curso”, disse Louaillier hora antes da eleição, ontem, do novo presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, norte-americano de origem sul-coreana.

O candidato de Washington prevaleceu sobre outros que receberam importante apoio político: a ministra das Finanças da Nigéria, Ngozi Okonjo-Iweala, e o ex-ministro das Finanças colombiano José Antonio Ocampo. O Banco Mundial sempre teve presidentes de nacionalidade norte-americana.

Há um ano, seu então presidente, Robert Zoellick, disse que o mundo necessitava de “nova geopolítica para uma economia multipolar, na qual todos estejam representados equitativamente em associações a favor das maiorias, e não em clubes para poucos”. Para ele, a crise financeira global marcou o fim dos velhos modelos de economia e desenvolvimento. Como consequência, categorizações como “primeiro mundo” ou “terceiro mundo”, “doadores” ou “beneficiários”, “líderes” ou “liderados”, já “não encaixam”, destacou Zoellick. No entanto, estas ideias não parece se refletir dentro do próprio banco. (www.outraspalavras.net)

publicado por animalsapiens às 12:08

30
Mar 12

Com a desculpa da ameaça comunista, o Brasil viveu longo período de exceção que jogou o país no atraso, na dependência externa (principalmente dos EUA) e perpetuou preconceitos, além de criar novas situações que nos prejudicam até hoje.

publicado por animalsapiens às 11:25

26
Mar 12

Como a internet está sendo atacada — e defendida!

Breve guia para entender as recentes ameaças à liberdade na rede e, em especial, para reagir a elas

Por Leo Germani, em seu blog

Não se engane, a internet está sob ataque. Desde o começo do ano já tivemos algumas batalhas sangrentas. O Megaupload foi fechado e seus diretores presos – perdemos essa. O governo americano tentou emplacar uma série de leis e tomou porrada do mundo todo, inclusive de gigantes como google, facebook e wikipediaganhamos essa.

Há algumas semanas Eric Raymond, um dos caras que ajudou a criar o movimento open source e um dos hackers mais respeitados que tem por aí, escreveu uma carta aberta a um dos senadores americanos que estão nessa briga. É uma verdadeira declaração de guerra! “Não mexa com nossa internet!” . No começo do ano, o grupo Anonymous também declarou guerra e vem desde então promovendo uma série de ataques. Agora em março, estão promovendo um boicote a indústria do entretenimento, o março negro.

E eu? E você? O que fazemos no meio desse tiroteio? Assistimos as notícias na TV? Curtimos links no facebook? Nâo. Nós temos papel fundamental nessa história. Eu separei aqui três coisas que considero fundamentais fazer a partir de agora: entender o que está em jogo (para que você possa assumir uma posição bem definida), diminuir nossa vulnerabilidade (para que fique mais difícil de atacarem nossas liberdades) e incentivar a produção independente (ninguém sabe como esse novo modelo que está surgindo vai ser, ajude a inventá-lo!).

1. Entender o que está em jogo.

É preciso ter clareza de que o dilema do direito autoral na internet não é só “uma questão complicada mesmo” e que “tem que ser encontrado um equilíbrio, que talvez algumas coisas que a indústria está querendo fazer (controlar) faça sentido”. Não, não faz! Não estou dizendo que é simples, mas estou dizendo que todos os argumentos que eles colocam são falsos e todas as soluções que eles propõe são um atentado a nossa liberdade e a nossa evolução enquanto humanidade! Não, isso não é exagero! Olha só…

A indústria diz que a pirataria gera milhões de prejuízo: 10 milhões de arquivos foram baixados ilegalmente; Cada arquivo desse, se comprado legalmente, custaria em média 10 dólares: Isso dá 100 milhões de prejuízo.  Essa é a conta que é feita. Mas é óbvio que ela é irreal. Se não houvesse o download, uma ínfima parcela dessas pessoas de fato comprariam o disco ou o DVD. Pense em você, você compraria tudo o que você baixa? Claro que não.

O que a indústria se esforça para não enxergar é que o efeito, na verdade,  é inverso. O compartilhamento de arquivos incentiva o consumo e há mais de um estudo que mostra isso. As pessoas tem contato com muito mais coisas e podem conhecer artistas que nunca conheceriam se não fossem pelas redes de compartilhamento e pelos blogs de música.

O compartilhamento também democratiza o acesso a cultura e ao conhecimento. Precisamos pensar no que está acontecendo fora das grandes cidades. Imagine uma cidade no interior do Amazonas, isolada fisicamente mas conectada pela internet. Se as pessoas que moram nessa cidade quisessem ter acesso legítimo a produção cultural do planeta não poderiam. Não há cinemas, as lojas só vendem os blockbusters e as locadoras oferecem poucas opções. Resta a TV e o rádio. A indústria não oferece um meio para que essas pessoas tenham acesso a produção cultural, mesmo se elas quisessem pagar. O que fazemos então? Dizemos para eles continuarem assistindo TV!? DIzemos para eles que eles não podem participar? Vendamos seus olhos e tapamos seus ouvidos? Isso é um absurdo!

E para quem poderia comprar, o compartilhamento não é só mais barato (de graça) – ele é melhor. É mais rápido (não precisa esperar meses depois do lançamento), é mais prático (download direto na sua casa), não tem limites geográficos (alguns conteúdos vendidos pela indústria só estão disponíves em alguns países) e não tem DRM (você vai poder fazer uma cópia para a sua tia). Pense no caso das séries americanas que algumas horas depois de irem para o ar nos EUA já têm uma versão legendada para download. Se um grupo de pessoas, descentralizadamente e sem fins lucrativos, consegue ter esse nível de serviço porque a indústria não consegue fazer melhor? Porque não quer! Eu já lancei esse desafio e já propus uma receita (e não fui o único a fazê-lo).

E todo o legado de produção cultural que está fora de catálago? Temos que esperar que a indústria resolva achar que vale a pena comercializá-los novamente? Devemos deixar nossa memória apodrecendo em seus arquivos? Claro que não!

Percebem que para proteger meia dúzia de Justins e Ladies a indústria aprisiona toda a história da nossa produção cultural e exclui todas as pessoas que não estão em grandes centros urbanos? De repente chegamos a um ponto na história que podemos compartilhar nossa produção cultural e de conhecimento com o mundo todo instantaneamente, podemos colaborar em escala global, podemos transpor fronteiras geográficas e políticas e unir as pessoas… mas indústria quer desligar a máquina que faz isso porque não consegue se adaptar. Percebe que não estou exagerando quando falo em evolução…?

“Mas nós estamos defendendo o direito dos artistas!” eles vão dizer. Não é verdade. Os artistas estão achando alternativas e cada vez mais percebendo que não dependem dessa indústria de intermediação. Desde os consagrados até os novos independentes, todos estão aprendendo a usar a rede para estabelecer contato direto com seu público. Fechar o megaupload não aumentou em nada a receita de nenhum artista!

E outra, a produção musical nunca esteve tão bem. Basta dar uma olhada na quantidade e na qualidade dos álbuns lançados ano passado. Tem muita coisa boa rolando! Mas a indústria não se dá bem com tamanha diversidade.

O que a SOPA queria e a ACTA quer é que todos os provedores de acesso a conteúdo se transformem em policiais, investigando o tempo todo tudo o que nós fazemos e enviando essas informações as autoridades. Eles querem transformar a rede em uma área totalmente vigiada e querem obrigar as empresas que provêm o conteúdo a transformarem-se em vigilantes. Abrir mão da nossa privacidade e liberdade, matar a internet em sua raíz, para proteger interesses de algumas indústrias dos países desenvolvidos. A Suíça não concorda,  eu não concordo.

E tudo isso que eu falei aqui acima é apenas uma pequena parcela da jogada. Estamos falando de música, de cultura. Mas eles estão de olho em muito mais. Essa lei também seria uma ameaça, por exemplo, aos medicamentos genéricos.

Para saber mais sobre como o ACTA ameaça nossa liberdade e o que podemos fazer, recomendo este dossiê.

Há, no Twitter, intensa postagem com referências a material importante sobre o acordo. Pesquisar por #ACTA. Acompanhar, em particular, as microblogagens de James LoveMichael GiestPhilippe Rivière,OpenActa (rede mexicana) e, no Brasil, de CaribéFátima Conti,Marcelo BrancoSérgio Amadeu.

Aqui no Brasil temos uma briga importante contra o Projeto de Lei do Senador Eduardo Azeredo – que assumiu recentemente a Comissão de Tecnologia do congresso. Saiba o que é e como combater.

Então se alguém te perguntar sobre o assunto, não responda com um ar de confusão, como se fosse uma questão complicada que você não sabe no que vai dar. Diga que essas leis são absurdas e que nesses termos não podemos negociar com a indústria – ela vai ter que mudar e se adaptar.

2. Tomar atitudes práticas no nosso dia a dia na rede para que não fiquemos vulneráveis

A segunda coisa que precisamos fazer envolve uma mudança de hábitos. Para diminuir nossa vulnerabilidade, temos que fomentar as redes P2P. Se continuarmos a usar serviços de upload na “nuvem”, será muito fácil rastrear e apagar nosso conteúdo. Há até relatos de que o google poderia até apagar arquivos mp3 do seu Gmail. Neste modelo, basta tirar um único servidor do ar para afetar o compartilhamento entre milhares de pessoas.

A natureza da internet é o p2p. Ao estarmos em rede, compartihando arquivos e recursos diretamente uns com os outros, se torna muito difícil, pra não dizer impossível, que alguém consiga tirar alguma coisa que publicamos do ar. A rede p2p não depende de apenas um servidor. Todas as pessoas estão ao mesmo tempo servindo e consumindo. Para desligar a rede, seria preciso desligar o computador de todo mundo.

Não entende exatamente o que é o p2p? Basicamente o p2p (ou peer to peer, ponto a ponto) é uma maneira de compartilhar arquivos sem depender de um servidor central. Ao invés de todo mundo baixar um arquivo de um mesmo lugar, todos baixam uns dos outros. Se mais de uma pessoa tem o arquivo que você procura, você pode até baixar de várias pares ao mesmo tempo –  tudo isso automaticamente.

Se quiser entender melhor, tem um artigo no How Stuff Works e outro interessante neste blog do g1. Neste último, escrito por um especialista em segurança, ele coloca:

A única maneira de derrubar por completo essas redes seria por meio de detecção de tráfego, ou seja, bloquear completamente o uso da rede P2P na infraestrutura dos provedores de internet. Isso seria tão difícil quanto prender todos os donos de servidores: tecnicamente, é uma tarefa “pesada” e também complexa, porque protocolos P2P podem utilizar criptografia e outros mecanismos que dificultam a identificação do tráfego.
Além disso, as redes P2P não são maliciosas por conta própria. Proibi-las completamente iria resultar em extensas discussões legais sobre o direito à liberdade de expressão.

A “detecção de tráfego” que ele coloca é um risco real, e já há tentativas de se fazer isso: é a briga pela neutralidade da rede, que é crucial. Esse post já está longo demais para falarmos sobre isso, mas é importante registrar que precisamos ficar espertos.

Então vamos as atitudes práticas:

  • Se você é um DJ ou um cinéfilo, que tem um blog para divulgar filmes ou discos, não divulgue links de sites de download. Use p2p! Incentive e ajude os seus leitores a utilizarem p2p!
  • Se você não publica nada, mas adora baixar. Use p2p! Baixe um bom programa de torrent. Use o SoulSeek para baixar músicas dos seus amigos e descubra como é divertido! E lembre-se, baixe e deixe baixar. Nâo feche o programa assim que o download estiver concluído.

3. Incentivar a produção independente

Ajude os artistas que você gosta.

Estamos todos perdidos com todas essas mudanças e ninguém sabe muito bem como esse povo todo poderá se sustentar. E não estamos falando só de músicos, mas de fotógrafos, artistas plásticos, cineastas, escritores, blogueiros e jornalistas, etc. Mas na verdade a resposta é muito simples: é preciso que o público suporte o trabalho desses produtores diretamente, sem intermediários.

Cobre daquela pessoa de quem você é fã do trabalho: “Ei, eu quero ouvir o seu disco e não achei o link para download no seu site. Eu vou baixar do mesmo jeito, mas eu gostaria de muito de baixar diretamente de você e de ter uma maneira fácil de lhe retribuir”; “como posso retribuir pelo seu trabalho?” e sugira uma alternativa, “por que você não coloca um link para doação; por que  você não vende camisetas?”.

Tenha em mente  que a internet não é uma ameaça a possibilidade de o artista ser remunerado pelo seu trabalho, ao contrário, ela é a solução para que isso aconteça. Nunca na história os autores tiveram uma maneira certa e segura de ganhar dinheiro. Durante o século XX e a era da indústria cultural, alguns poucos entraram em linha de produção e conseguiram – mas foram muito poucos. A internet, traz, pela primeira vez na história, a possibilidade real de que os autores possam viver exclusivamente do seu trabalho autoral, independentemente de contratos com empresas para pautarem seus trabalhos. (Isso também é uma forma de p2p, não é?)

Vamos nessa.

Leia também:

  1. Seu email e celular estão sendo vigiados?
  2. Censura na internet se espalha
  3. A segunda bolha da Internet
  4. Ameaça real à internet brasileira
  5. Internet, conexão total e isolamento contemporâneo
  6. Semana decisiva: qual será a internet do PNBL?
  7. A ONU avalia a liberdade na internet
  8. Washington também tenta limitar a internet
  9. Para que a internet jamais tenha centro
  10. Internet: Casa Branca quer mais vigilância

 

publicado por animalsapiens às 11:37

25
Jan 12
publicado por animalsapiens às 18:39

19
Dez 11

É sempre preocupante ver a (gradual) restrição dos direitos civis em qualquer parte do mundo. Nos EUA começou no governo Bush e essa lei vem sendo apertada pouco a pouco, configurando a transformação dos Estados Unidos num Estado policial (fascista).

Desemprego, 40 milhões de pobres, 'ocupantes', inseguranças e incertezas, duas guerras perdidas (Iraque e Afeganistão), a repulsa internacional à política imperialista estadunidense e outros fatores, abrem possibilidades para uma guerra civil num país já envolvido em tantos conflitos.

O que acontece por lá, de algum modo repercute pelo mundo.

Paulo S.

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sábado, 17 de dezembro de 2011

Senado aprova "Lei Marcial" nos EUA

http://blogdomonjn.blogspot.com/2011/12/senado-aprova-lei-marcial-nos-eua.html

.
Sem alarde da grande mídia privada mundial, que continua a celebrar os Estados Unidos como a "maior democracia do mundo" (tsc!), o Senado estadunidense aprovou uma lei que está causando arrepios na sociedade daquele país.

De acordo com os críticos, o projeto chamado "National Defense Authorization Act" permitiria a prisão, sem acusação formal e por tempo indeterminado, de cidadãos estadunidenses em qualquer lugar do mundo e a utilização das forças armadas contra os mesmos dentro do território dos Estados Unidos.

A terra natal faz parte do campo de batalha, disse o Senador Lindsey Graham que apóia o projeto. Estaria ele se referindo aos opositores dos "Ocupes" que estão tomando conta das cidades estadunidenses?

Elaborada em segredo pelos senadores Carl Levin (Partido Democrata) e John McCain (Partido Republicano), aprovada pela comissão a portas fechadas e sem audiência, a lei foi aprovada pelos senadores, em 1º de dezembro, por 93 a 7, e agora aguarda a posição do Presidente Barack Obama que poderá sancioná-la ou vetá-la.

Na última semana, porém, a Casa Branca declarou, através do porta-voz do presidente, Jay Carney, que não vetará o projeto.

É o regime se fechando ainda mais no país que se diz exportador de democracia.


Link com o texto da lei:
http://www.gpo.gov/fdsys/pkg/BILLS-112s1867pcs/pdf/BILLS-112s1867pcs.pdf


_________________________________


Fontes consultadas:


The National Defense Authorization Act is the Greatest Threat to Civil Liberties Americans Face (05/12/2011):
http://www.forbes.com/sites/erikkain/2011/12/05/the-national-defense-authorization-act-is-the-greatest-threat-to-civil-liberties-americans-face/
http://www.forbes.com/sites/erikkain/2011/12/05/the-national-defense-authorization-act-is-the-greatest-threat-to-civil-liberties-americans-face/2/

Former Reagan administration official comments on National Defense Authorization Act (02/12/2011):
http://newsvoice.se/2011/12/02/paul-c-robert-former-reagan-administration-official-comments-national-defense-authorization-act/

National Defense Authorization Act spurs uprising from left and right on detainee provisions (08/12/2011):
http://www.tampabay.com/news/military/war/national-defense-authorization-act-spurs-uprising-from-left-and-right-on/1205269

Defense bill gives military too much responsibility for detainees (28/11/2011):
http://www.washingtonpost.com/opinions/defense-bill-gives-military-too-much-responsibility-for-detainees/2011/11/28/gIQAbbAO6N_story.html

Obama Drops Veto Threat Over Military Authorization Bill After Revisions (14/12/2011):
http://www.nytimes.com/2011/12/15/us/politics/obama-wont-veto-military-authorization-bill.html

Obama will not veto National Defense Authorization Act (14/12/2011):
http://www.rawstory.com/rs/2011/12/14/white-house-will-not-veto-national-defense-authorization-act/

National Defense Authorization Act Will Destroy Bill of Rights (07/11/2011):
http://www.opednews.com/articles/National-Defense-Authoriza-by-Sherwood-Ross-111207-201.html
http://www.opednews.com/articles/2/National-Defense-Authoriza-by-Sherwood-Ross-111207-201.html
.

Postado por Jorge Nogueira às 15:20

publicado por animalsapiens às 10:10

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