O “apagão educacional” no Brasil.
Ontem, 18/02/08, o senador Cristovan Buarque assumiu a tribuna do Senado Federal e fez críticas e autocríticas sobre a precariedade do sistema de ensino brasileiro, disfarçada sob toneladas de números.
Jovens que entram, mas não permanecem nas escolas do ensino fundamental ao superior, o baixo nível de aprendizagem, analfabetismo funcional, precariedade de muitas instituições, recursos didáticos escassos, alunos despreparados, professores desmotivados, corpo diretivo autocrático e muitas coisas mais que precisam de solução para viabilizar o futuro próximo do país.
Além da função política da educação, o que a coloca - sempre - sob a supervisão e controle direto das chamadas elites dominantes, temos outro fato preocupante que é uma crônica e histórica doença da qual padece o sistema educacional brasileiro: o burocratismo (ou talvez devesse ser chamada de “burocratose”).
O mau exemplo vem de cima. Do MEC. Um órgão federal historicamente controlado por maioria de tecnoburocratas e poucos educadores. Trabalham com estatísticas, números, diagnósticos e prognósticos quase sempre em desacordo com pesquisas realizadas por organismos internacionais, como a ONU. O fato é que, o Brasil, uma das potências econômicas do planeta, tem permanecido no fim da lista quando se trata do nível de letramento, de conhecimentos gerais e domínio do idioma.
A exemplo do MEC, mesmo para decisões simples, acredita-se na necessidade de criar Comissões ou fazer “n” reuniões, das quais saem poucos resultados. Dizem que Napoleão Bonaparte, quando pressionado por interesses diversos, nomeava Comissões e deixava que o assunto caísse no esquecimento ou que se resolvesse por si mesmo. O tempo, o “fazedor de sínteses”, se encarrega de dar soluções a muitas coisas.
A continuar assim, será difícil vencer os obstáculos ainda existentes na educação e na formação dos educadores brasileiros. A indisciplina em sala de aula, o desinteresse de muitos alunos, e mesmo certa dose de violência psicológica percebida em salas de aulas, têm suas raízes nesse mecanismo perverso que não segue o fluxo do tempo: o burocratismo.
Paulo R. Santos