A bancada evangélica e seu discurso, tido como fundamentalista por muitos, foram alvos de severas críticas do teólogo e escritor frei Betto, que comparou a postura do movimento político no meio evangélico com o surgimento dos regimes nazista e fascista na Europa do século XX.
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“Estamos assistindo a certos segmentos religiosos chocarem o ovo da serpente, expressão que vem do nazismo dos anos 30, na Alemanha: depois que a coisa esquentou é que muita gente se deu conta”, afirmou.
O discurso contrário à agenda da bancada evangélica aconteceu durante o 9º Encontro Nacional Fé e Política, realizado no campus da Universidade Católica de Brasília (UCB), de acordo com informações do jornalista Roldão Arruda, do jornal O Estado de S. Paulo.
“O Estado e os partidos não devem ter religião, mas respeitar a diversidade do pluralismo religioso”, disse, manifestando preocupação com a associação de igrejas a partidos políticos: “No Brasil, determinados segmentos religiosos estão cada vez mais partidarizados. Existe no Congresso Nacional a bancada evangélica. Não tenho nada contra os evangélicos, tenho contra essa bancada”, pontuou.
Frei Betto, que no passado foi ligado ao Partido dos Trabalhadores – afastou-se do PT durante o primeiro mandato de Lula – comparou o atual momento da política ao ambiente que resultou no surgimento do fascismo na Itália: “Precisamos abrir o olho porque está sendo chocado no Brasil o poder fundamentalista de confessionalização da política. Isso vai dar no fascismo”.
Ilustrando seu argumento com a postura adotada por Jesus em seu ministério, frei Betto explicou que o ideal é que os governantes sejam oriundos do povo e semelhantes a este: “Quem governa seja como aquele que serve. Esse é o maior testemunho de Jesus. O maior ato de Jesus foi quando ele se ajoelha para lavar os pés dos seus discípulos. Isso é o poder, colocar-se a serviço”.
Há dois anos, o pastor
Ricardo Gondim adotou postura semelhante ao criticar a intenção de lideranças religiosas estabelecerem uma maioria evangélica no Brasil a todo custo. Segundo o líder da Igreja Betesda, os representantes do segmento estariam à beira de invocar uma “guerra santa”.
“A esse movimento não interessa que haja um veloz crescimento entre católicos ou que ortodoxos se alastrem. Para ‘ser do Senhor Jesus’, o Brasil tem que virar ‘crente’, com a cara dos evangélicos [...] Um Brasil evangélico significaria o triunfo do ‘american way of life’, já que muito do que se entende por espiritualidade e moralidade não passa de cópia malfeita da cultura do Norte. Um Brasil evangélico acirraria o preconceito contra a Igreja Católica e viria a criar uma elite religiosa, os ungidos, mais perversa que a dos aiatolás iranianos [...] Deus nos livre de um Brasil ‘evangélico’”, criticou."