Para falar de gente, de seres humanos, do bicho humano perfectível, apesar de tudo. Do Animal sapiens, mas a partir de agora do "Homo spiritualis", com sua fé e religiosidade muitas vezes confusa, gerando preconceitos, discriminações.

30
Dez 12

Pela nossa forma de contar a passagem do tempo, vem aí mais um ano. Não será um ano melhor do que esse que finda, pois os sinais são inequívocos quanto a problemas econômicos, financeiros, desemprego, o aumento do 'precariado', os problemas climáticos, as convulsões sociais reprimidas pelas 'nobrezas' de cada país, sob o pretexto de manter a ordem e a segurança pública; mas na verdade é tentar impedir as indispensáveis mudanças (e não reformas) do atual sistema econômico que tem na sociedade e no ser humano, apenas subprodutos.

 

Mas, que venha 2013 ! E que cada um/a saiba torná-lo mais leve, feliz, próspero e bem sucedido !!

 

- por Paulo Santos

publicado por animalsapiens às 09:52

28
Dez 12

Pouco antes do 'feriadão' de Natal (uma invenção brasileira para emendar vários dias seguidos de não-trabalho), o Governo promulgou um nova lei, com o objetivo de coibir o abuso de bebida alcoólica e assim, supostamente, reduzir o imenso número de acidentes fatais ou não, aí pelas estradas da terra de Pindorama. O valor das multas dobrou e outros meios que não só o etilômetro ('bafômetro') passam a fazer parte do arsenal de combate aos excessos. Porém, fica a pergunta: isso funciona? Não! Tanto que os acidentes aconteceram, e mais que no mesmo período do ano anterior.

 

O Estado brasileiro, com seu longo histórico de vigiar e punir, arrecadar mais, querer mudar comportamentos através de 'penadas' (leis), de repressão muitas vezes arbitrária e violenta por parte de seus agentes públicos, mal pagos e mal preparados para lidar com o cidadão comum (no geral, todos esses são vistos virtualmente como criminosos até que se prove a inocência). O resultado permanece mais ou menos o mesmo: cerca de quarenta mil mortes por ano no matadouro a céu aberto chamado rodovias e ruas, nesse país onde existem mais carros do que vias de trânsito, sem contar os quase meio milhão de sequelados e famílias destruídas pela perda de entes queridos por conta dos paranoicos que não se contêm no consumo da bebida alcoólica ou das drogas, impulsionado pelo elevado calor, e pela mística do carro: um substituto da virilidade, da ostentação, do poder.

 

Enfim, o problema é grave e tende a se agravar mais a cada 'feriadão' ou mesmo no dia a dia. A coisa toda passa por mudanças outras, como - atrevo-me a opinar! -, inclusão da educação para o trânsito na grade curricular do ensino fundamental e médio, punição severa, sim, para os alcoolizados que causarem mortes ou danos permanentes às vítimas (perda da CNH por prazo limitado ou em definitivo, a critério do juiz que se verá diante do julgamento de um crime doloso, despesas por conta do causador dos danos ao patrimônio público ou privado, e por aí, sem a sanha arrecadatória habitual travestida de punição. 'Filhos de papai', principalmente, não se importam com isso e têm dinheiro para pagar qualquer multa e um bom advogado. Sobretudo, o vício é algo que está além do autocontrole, como todos sabemos!

 

Da educação para o trânsito à punição dos criminosos vai um percurso gradativo e demorado. Mas não pode haver impunidade nem arbitrariedades. Leis adequadas e procedimentos rápidos e humanos, como um dever do Estado para com parentes e amigos das vítimas. Parar de criar remendos e paliativos, tornar o veículo um simples meio de locomoção e não de ostentação, 'discoteca' ambulante, recurso de intimidação, sedução, poder ou exibição. Mudar a cultura do trânsito no Brasil. Tarefas longas, custosas e difíceis, que os burocratas de Brasília não estão dando conta de resolver por interesses desconhecidos ou incompetência mesmo.

 

Tornar as cidades locais habitáveis e seguros, pertencentes aos cidadãos e não aos veículos; investir em transporte coletivo de boa qualidade, parar com promessas e discursos vagos, pensar o Brasil do presente e nos interesses nacionais, enfrentar as corporações e os parlamentares a serviço delas ... Se nada for feito, o descrédito crescente na política e nos políticos, no Judiciário e no próprio Estado, certamente levará a uma 'primavera brasileira', à moda brasileira, como de hábito, com a polícia (militar: existe isso em algum outro país?) armada e sem preparo para lidar com o cidadão comum, repito, reprimindo e defendendo, sem o saber, os interesses da tecnocracia remanescente dos tempos da ditadura. E a lógica punitiva - não nos iludamos -, ainda prevalece nas mentes dos que governam!

 

- por Paulo Santos

 

 

 

publicado por animalsapiens às 08:57

24
Dez 12

Os milenaristas devem estar muito frustrados pelo fato do mundo - mais uma vez -, não ter acabado. Mas, é assim mesmo. O medo do fim valoriza o presente. O medo da morte valoriza a vida. Abre comportas de esperança e motivação para mudanças. No final das contas é positivo, mesmo que entre eles, os milenaristas, existam certamente aqueles que morbidamente torcem para o fim do mundo, por uma razão ou outra, embora a principal delas seja a de que o mundo está mesmo ruim e feio, a sociedade doente e sem perspectiva.

 

O fim do ano, para muitos, é período de renovação de projetos, planos e promessas que não foram cumpridas. Novas metas e propósitos ... isso é bom. Algum avanço sempre há. E um mundo novo vai acabar surgindo do caos presente em nossos dias. Ainda haverá lugar para os de boa vontade, para os altruístas e generosos, os repletos de compaixão. Enquanto isso, de um jeito ou de outro, os egoístas e gananciosos, os adoradores dos deus mercado e das coisas vão acabando, vão morrendo, desaparecendo, saindo do caminho... há lugar para alguma esperança. Afinal, o mundo não precisa continuar assim só porque está assim! A ressacralização do mundo está acontecendo por vias tortas ...

 

Mas isso de fim do mundo é coisa tipicamente ocidental. Duvido que budistas e islãmicos, por exemplo, entrem nessa onda de história linear, com começo, meio e fim. Da criação do mundo ao suposto 'juízo final'. Mas, há quem acredite em tudo em qualquer lugar do mundo. E nesse nosso mundo há espaço também para insanos de terno e gravata que decidem sobre a vida e a morte de milhares de pessoas enquanto tomam um champanhe!

 

Os mais pobres, os empobrecidos por esse modelo político-econômico predador, continuam sobrevivendo e vão acabar superando de algum modo, mais uma descivilização, mais uma que se vai para abrir espaço para uma outra, ... melhor, esperemos. Precisamos de um novo Renascimento !

 

- por Paulo R. Santos

publicado por animalsapiens às 09:14

21
Dez 12

Dizem os observadores e estudiosos que o milenarismo - a crença no fim do mundo -, acaba por ajudar a valorizar a vida. É como um rito coletivo, no qual se esconjura o que se teme: a morte, dando mais valor à vida, mesmo que sem uma compreensão muito clara disso. Que seja !

 

Aliás, se fosse acontecer, de fato, o fim do mundo como dizem os milenaristas, não adianta armazenar alimento, água, criar abrigos, fugir para locais supostamente mais seguros, já que trata-se do fim do mundo, de tudo e de todos, ... ou de boa parte!

 

- por Paulo Santos

 

 

publicado por animalsapiens às 09:22

17
Dez 12

Fim de ano, fim do mundo segundo alguns, mas o mais provável é que vamos ter que encarar um novo ano. Planos, sonhos, projetos, promessas, mudanças ... Cada um a seu modo aproveita o momento psicológico que alia consumismo com desejos de mudanças, e faz seu novo ano, ... pelo menos na mente. Se as coisas vão acontecer como desejado ou esperado, isso é outra coisa. Mas, a mística da mudança no calendário está aí !

 

O ano que se aproxima não promente grandes momentos positivos para a humanidade, sofrida com seus próprios erros e escolhas. Mas algumas descobertas desde os Fóruns sociais e a 'Primavera árabe' são marcantes e definitivas. A sociedade civil está em rota de colisão com a sociedade política. Praticamente já não existe quem acredite nos políticos ou na política partidária, dissociadas da sociedade e parasitando-a.

 

Por outro lado, vale o mesmo raciocínio para as religiões. Não serão os religiosos ou os políticos que vão conduzir as comunidades para uma qualidade de vida melhor. Há outras vias em construção, baseadas no cooperativismo, na solidariedade, no compartilhamento, na noção cada vez mais clara que somos mais interdependentes do que pensamos. Mas o pensamento conservador, ligado a privilégios de classe e casta, ainda está muito presente e forte, o que sinaliza que as mudanças - pois essas virão - não devem ocorrer sem resistências e lutas. É aguardar pra ver...

 

- por Paulo Santos

publicado por animalsapiens às 09:29

12
Dez 12

"Quim olhava os pés dela, não humilde mas melódico. Mas o amor assim pertencia a outra espécie de fenômenos? Seu amor e as matérias intermediárias. O mundo do rio não é o mundo da ponte". - Do conto Orientação, em Tutaméia.

publicado por animalsapiens às 09:21

09
Dez 12

Cada vez mais frequentes, os casos de mortes durante ou em consequência de cirurgias estéticas não deixam de nos fazer pensar nos valores superficiais e rasos que norteiam a vida de muita gente. O desprezo pelo conhecimento em tempos como os nossos, com internet e tudo o mais que pode facilitar o acesso à boa informação, basta saber procurar, e isso não ocorre ... as pessoas parecem preferir a ignorância falsamente protetora.

 

Se a vida perdoa os simples, mas não os ingênuos, como diz a sabedoria popular, deveria haver um mínimo de bom senso em certas cabeças para que se veja que o risco não compensa. Um pouco mais de gordura aqui ou ali é, e sempre foi, coisa normal no ser humano. Então por que aventurar-se a um procedimento cirúrgico que traz riscos?

 

Ser, ter ou parecer? Vivemos tempos em que 'parecer' tem sido o mais importante. A preocupação com a imagem demonstra uma forte distorção nos verdadeiros valores que sustentam uma existência. O consumo desenfreado, a negação do 'outro', viver como se não fosse morrer, ter informações com a profundidade e vastidão de um pires ... Colapso civilizatório. Recomecemos!

 

- por Paulo S.

publicado por animalsapiens às 17:24

07
Dez 12

"A vida são dívidas. A vida são coisas muito compridas." - Tutaméia / J. G. Rosa

publicado por animalsapiens às 09:43

06
Dez 12

O arquiteto, comunista e ateu, considerado um gênio da arquitetura do concreto, Oscar Niemeyer morreu aos 104 anos, depois de uma longa, proveitosa e boa vida, o que é diferente de uma vida boa. Boa vida, porque fez o que gostava de fazer, conviveu com pessoas que fazem parte da história, como o ex-presidente JK, e manteve sua coerência ideológica, apesar de trabalhar para quem o compensasse bem por isso. Nada demais, afinal era um profissional!

 

Cada um tem seu gosto particular na arte e na vida. Pessoalmente, a arquitetura do concreto, 'moderna', não me atrai, mas isso é apenas questão de gosto pessoal. Traços rápidos e longilíneos, pontas e curvas, ... Talvez por isso, Brasília não me encanta.

 

Mas, sem dúvida, um homem que entra para a história do Brasil como alguém que fez a diferença. Pessoas que fazem a diferença estão cada vez mais raras, nesse mundo cada vez mais uniforme, pasteurizado, com tudo muito igual.

 

Que ele seja feliz no 'andar de cima' !

 

- por Paulo S.

publicado por animalsapiens às 09:44

04
Dez 12

Admirável Gado Novo

 

Zé Ramalho

 

Vocês que fazem parte dessa massa, Que passa nos projetos, do futuro É duro tanto ter que caminhar E dar muito mais, do que receber. E ter que demonstrar, sua coragem A margem do que possa aparecer. E ver que toda essa, engrenagem Já sente a ferrugem, lhe comer. Eh, ôô, vida de gado Povo marcado, ê Povo feliz Eh, ôô, vida de gado Povo marcado, ê Povo feliz Lá fora faz um tempo confortável A vigilância cuida do normal Os automóveis ouvem a notícia Os homens a publicam no jornal E correm através da madrugada A única velhice que chegou Demoram-se na beira da estrada E passam a contar o que sobrou. Eh, ôô, vida de gado Povo marcado, ê Povo feliz Eh, ôô, vida de gado Povo marcado, ê Povo feliz O povo, foge da ignorância Apesar de viver tão perto dela E sonham com melhores, tempos idos Contemplam essa vida, numa cela Esperam nova possibilidade De verem esse mundo, se acabar A arca de Noé, o dirigível Não voam, nem se pode flutuar, Não voam nem se pode flutuar, Não voam nem se pode flutuar.

 

Eh, ôô, vida de gado Povo marcado e, Povo feliz Eh, ôô, vida de gado Povo marcado e, Povo feliz

 

 

 

http://letras.mus.br/ze-ramalho/1127221/

publicado por animalsapiens às 09:52

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