Talvez não exatamente por essas causas e motivações, exclusivamente, mas sem dúvida a explosão artística e filosófica pós-segunda guerra (1939-45) tem a ver com a própria guerra. Um mundo destroçado em todos os sentidos, com um número incalculável de mortos e desaparecidos, atrocidades nunca imaginadas e todo o lado sombrio do ser humano à mostra.
Uma juventude sobrevivente e, muitas vezes, órfã da guerra, tenta um recomeço com novos ritmos e cores, atitudes e interpretações do mundo e da vida. Vários movimentos inspirados em crenças orientais ou tribais, mostrava uma busca de sentido novo para a vida, para o conviver e o viver. Aquela geração acreditou mesmo na Era de Aquarius! Os anos 1960, 70 e 80 mostram toda a capacidade criativa no campo da música e das ideias. A filosofia retomou seu fôlego e a esperança parece ter tomado conta das pessoas.
É nos anos 80 que vamos ver produções cinematográficas mostrando que o mundo - ao contrário do que se esperava e desejava -, não ia em boa direção. O admirável mundo novo, de Huxley, se misturava com o 1984, de Orwell, sinalizando queda livre no processo de descivilização. A revolução cultural iniciada no pós-guerra, a partir de 1960, encontrou forças reacionárias poderosas no começo dos anos 1990.
Uma profusão de filmes melancólicos e apocalípticos, como Blade Runner, mostra a perda da esperança e a descrença na viabilidade da Era de Aquarius, nas instituições e na própria humanidade. Aqueles trinta anos de otimismo, de boa música, bons livros, boa filosofia e o prazer pelo conhecimento apenas antecipam a ruína da Modernidade, seguida dessa estranhíssima e discutível pós-modernidade que não sabemos exatamente aonde irá nos levar. Só se sabe que nenhuma das promessas de liberdade, igualdade e fraternidade foi cumprida!