Para quem não entende porque um filme amador que ofende o Islã e seu profeta maior, Maomé, gerou tanta reação, basta experimentar colocar Jesus no lugar e ver o que acontece no Ocidente. Referências negativas a divindades, lideranças religiosas, tradições de longa data, não poderiam gerar outra coisa que não fosse a violência, já que essas são âncoras para a vida espiritual, como também emocional e social, de muitos povos.
A guerra entre ocidentais e islâmicos, criada pelos angloamericanos e aliados, em seus propósitos de expansão e controle do Oriente Médio, vem gerando confusão, uma visão distorcida de uma cultura e, principalmente, reações de agressividade e violência de parte a parte.
Já tive alunos, jovens que jamais víram um semita na vida, menos ainda um muçulmano, terem reações emocionais extremamente negativas diante de qualquer referência ao mundo islâmico. A longa propaganda antissemita e de 'caça aos terroristas' afeta a formação psicossocial desses jovens, levando-os a não tolerarem inclusive o que não conhecem, a não ser de segunda mão, de 'ouvi dizer'.
Enfim, pagamos um alto preço em vidas, em incertezas e inseguranças, por conta dessas práticas medievais de perseguições por motivação mais geopolítica do que religiosa ou ideológica. A violência vai aumentar enquanto não se repensar os rumos que damos aos nossos atos diante de tudo isso, e certamente a intolerância é o combustível desse crime de lesa-humanidade.