Para falar de gente, de seres humanos, do bicho humano perfectível, apesar de tudo. Do Animal sapiens, mas a partir de agora do "Homo spiritualis", com sua fé e religiosidade muitas vezes confusa, gerando preconceitos, discriminações.

31
Mai 12
publicado por animalsapiens às 13:14

30
Mai 12

http://www.genealogiabrasileira.com/

 

Genealogia Brasileira é um interessante sítio onde se pode pesquisar sobre a história brasileira com ramificações e informações curiosas, vindas de várias fontes.

publicado por animalsapiens às 11:44

28
Mai 12

Novas perguntas à Comissão da Verdade

Que papel tiveram no golpe (e na repressão) empresários, jornais e instituições religiosas? Já que perguntar é inofensivo, pelo menos caprichemos um pouco…

Por Guilherme Scalzilli, em seu blog

Outro dia um anônimo formulou “Dez Perguntas para a Comissão da Verdade”, que preencheram um vazio discreto na edição da Folha de São Paulo. São elas: que fim levaram os guerrilheiros mortos no Araguaia? Como morreram Vladimir Herzog e Rubens Paiva? Quem eram os informantes do regime? Quem praticou maus tratos nos porões? O que ocorreu na Casa da Morte de Petrópolis e na da Rua Tutóia? Como funcionou a aliança entre as ditaduras da Operação Condor? Onde foram enterradas as vítimas do regime?

Apesar do aspecto meio acaciano de algumas questões, elas abarcam mais ou menos o que se espera do limitado alcance do grupo nomeado pelo governo federal. Mas agregam um enfoque preguiçoso e acomodado, dirigido àquela zona confortável do tema que já foi explorada por extensa bibliografia. Restam outras lacunas que também mereceriam a atenção dos investigadores, justamente porque menosprezadas pela historiografia e pela mídia corporativa:

- Como se relacionaram os grandes veículos informativos da época com o movimento golpista pré-64?

- Que apoios logísticos, financeiros e humanos dedicaram esses veículos ao regime?

- Quais foram os analistas, jornalistas, intelectuais e celebridades que apoiaram o golpe?

- Que empresas nacionais e estrangeiras financiaram a tenebrosa Operação Bandeirante e outros sistemas criminosos?

- Que papel tiveram empresários, diretores e demais representantes de corporações privadas na sustentação do aparato repressor?

- Como as instituições religiosas e os conselhos profissionais se posicionaram em relação à ditadura?

Já que perguntar é inofensivo, pelo menos caprichemos um pouco nas perguntas. Expectativas à parte, claro.

 

www.outraspalavras.net

publicado por animalsapiens às 12:26

26
Mai 12

por: Paulo R. Santos

 

Cogito, ergo sum” (Penso, logo existo), escreveu o filósofo René Descartes no século XVII, refletindo na importância do conhecimento de si e da natureza que nos cerca, sem precisar apelar para explicações místicas ou teológicas. Descartes é o mesmo que nos propõe a dúvida como método, para que nos tornemos seres realmente conscientes.

 

Hoje os tempos são outros, mudaram e muito. A noção de 'poder de consumo' tornou-se tão enraizada que muita gente sofre de transtornos de compulsão por comprar o que não precisa. A sensação de consumir é uma forma de poder que nos foi introduzida pelo modelo atual de economia, que faz da sociedade - e de cada ser humano - um subproduto da própria economia. Existimos para consumir !

 

Pode-se até discutir se pensar é de fato existir, mas sem pensar a existência torna-se impossível. A vida passa a ser improvisada a cada dia; perde-se a noção de passagem do tempo e a visão de futuro se esfumaça. Poucos estão incomodados com isso. O que importa é o aqui e agora, e um celular novo a cada três meses !

 

É possível viver sem pensar sobre a vida? Sem pensar sobre como a vida acontece, isto é, sem filosofar ? Parece que sim. Boa parte das pessoas vive impulsionada pelos apelos comerciais, pelos hábitos impostos ou adquiridos sem reflexão, improvisando a vida no seu cotidiano.

 

Se existir é consumir, então a vida empobreceu até o limite do absurdo. Perdeu-se o senso de limites para certas coisas, principalmente para o que é realmente necessário para viver. O cantor argentino Facundo Cabral, assassinado em 2011, disse que o mais rico é aquele que menos necessita. É fato !

 

Mas, … como sair do círculo vicioso do consumo? Do consumir por consumir, mecanicamente ? De uma decisão pessoal a uma terapia, se necessário, passando por uma profunda revisão de valores. Talvez seja o caminho mais óbvio. Quem sabe ? Ou talvez a voz do povo seja a voz de Deus, … afinal, como dizem, caixão não tem gavetas !

 

publicado por animalsapiens às 12:31

25
Mai 12

 

“Não temo a morte. O pior da morte – isso sim dói – é que a pessoa estava e de repente deixou de estar, se acabou. Creio que a esperarei muito pacificamente, tenho consciência de que a vida não pode ser muito mais longa. Terei mais três ou quatro anos, talvez menos, mas não há problema”. (Ópera Mundo, junho de 2009)

“Acho que na sociedade atual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de reflexão, que pode não ter um objetivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objetivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem idéias, não vamos a parte nenhuma”. (Último post do site http://caderno.josesaramago.org).

image017

JOSÉ SARAMAGO (1922 – 2010)

http://www.varaldeideias.com/1/?p=414

publicado por animalsapiens às 12:22

24
Mai 12

Quando certas coisas se perdem em uma coletividade, a tendência desta é entrar em processo de necrose, e parece ser este o caso de nossa sociedade. A escassez de senso moral deixa as pessoas ao sabor dos momentos, dos impulsos e dos instintos. A falta de princípios, de alguns elementos mínimos norteadores para a conduta diária - não necessáriamente valores religiosos -, mas principalmente éticos, deixa os seres humanos extremamente vulneráveis às circunstâncias. Improvisam a vida, sem saber como conduzi-la.

 

A ausência de senso de justiça torna o 'outro' invisível. Cada um vive por contra própria, com a 'síndrome do Super-homem' (eu posso tudo), inclusive desconhecer direitos legais, morais, e mesmo os estabelecidos por tradições e costumes. A Declaração Universal dos Direitos da Pessoa Humana passa a ser uma bela carta de intenções e de promessas não cumpridas.

 

A maioria de nossas crianças e jovens está à deriva !

 

Precisamos, talvez, de um novo Renascimento.

 

 

publicado por animalsapiens às 12:42

21
Mai 12
Estrela
Vladimir Maiakóvski

Escutai! Se as estrelas se acendem
será porque alguém precisa delas?
Porque alguém as quer lá em cima?
Será que alguém por elas clama,
por essas cuspidelas de pérolas?
Ei-lo aqui,pois, sufocado, ao meio-dia,
no coração dos turbilhões de poeira;
ei-lo, pois, que corre para o bom Deus,
temendo chegar atrasado,
e que lhe beija chorando
a mão fibrosa.
Implora! Precisa absolutamente
duma estrela lá no alto!
Jura! Que não poderia mais suportar
essa tortura de um céu sem estrelas!
Depois vai-se embora,
e diz a alguém que passa:
"Muito bem! Assim está melhor agora, não é?
Não tens mais medo, hein?

Escutai, pois! Se as estrelas se acendem
é porque alguém precisa delas.
É porque, em verdade, é indispensável
que sobre todos os tetos, cada noite,
uma única estrela, pelo menos, se alumie.

publicado por animalsapiens às 11:52

20
Mai 12
Um post interessante, oportuno e atual !

Vale lembrar que o Iluminismo do século 18 deixou três vertentes, herdeiras de sua 'racionalização' do mundo e da vida, nos principais aspectos da sociedade: o Marxismo, pelo aspecto político-econômico; o Espiritismo, no que diz respeito à fé/religião, e o Evolucionismo, no campo da ciência. Isso dá interessantes reflexões !!

Paulo S.
..................................................................




 

Novo post em blog do ozaí

O marxismo é religião?

by Antonio Ozaí da Silva

Certa feita, num evento acadêmico, causou acirrada polêmica e furor um comentário sobre as afinidades eletivas entre marxismo e religião. Não foi meu intuito afirmar que o marxismo em geral é uma espécie de religião laica. Apenas chamei a atenção para o fato de que determinados comportamentos, observados em minhas vivências, muito se assemelham a uma forma religiosa de conceber e praticar uma ideologia. Outro dia, por exemplo, a fala de um companheiro, seu tom de voz e gesticulações, aliado ao conteúdo sectário da sua mensagem, mais me parecia uma pregação profética de verdades dogmáticas. Contribuía até mesmo a aparência física do falante, com sua barba branca que assinalava o passar dos anos. Era um discurso de fé e defesa da ortodoxia. Mais parecia que estava diante de um profeta falando para discípulos convertidos. E não é uma questão de idade. Noutra ocasião, observando um jovem acadêmico a defender o marxismo, tive a impressão de estar perante um sacerdote neófito.

Compreendo a paixão que move uns e outros, mas parece-me que são tênues os limites entre a adesão voluntária e racional a uma determinada ideologia – um ismo qualquer – e a transubstanciação desta em uma crença ortodoxa, à maneira religiosa. Parece-me, portanto, que, em determinados contextos, as ideologias laicas adquirem caráter religioso. Então, seus profetas, pequenos sacerdotes e seguidores, acríticos e papagaios de slogans, agem à maneira dos grandes e pequenos inquisidores. E se não nos lançam na fogueira da inquisição laica é, simplesmente, porque não tem o poder.

Felizmente, este tipo de comportamento não é geral. No entanto, parece-me que há uma certa vinculação entre fé e ideologia. É uma hipótese. Será que as ideologias embutem em si um certo messianismo? Não expressam o desejo humano de construir o paraíso aqui na terra? Estou convencido de que os sonhos de sociedades perfeitas são perigosos. O ser humano real é imperfeito. As sociedades criadas pelo humano são imperfeitas. Imaginar a ordem social perfeita é idealismo – ainda que em nome do materialismo dialético.

Bem sei que há marxistas que não são dogmáticos nem agem à maneira religiosa. Mas também há a patrulha ideológica que, diante de qualquer possibilidade de crítica ao cânone, logo buscam os rótulos políticos – quando não o mero xingamento – para afastar os críticos. De qualquer forma, estas reflexões me fizeram lembrar a leitura de Tempos interessantes: uma vida no século XX, do historiador marxista Eric J. Hobsbawm. Neste livro, Hobsbawm faz referências a termos próprios da religião. Por exemplo, ao analisar o Movimento Comunista Internacional após a morte de Stalin, escreve:

“Embora a Igreja Comunista Universal tivesse feito surgir diversos grupos cismáticos e hereges, nenhum dos grupos rebeldes que ela gerou, expeliu ou matou jamais conseguiu estabelecer-se além do âmbito local como rival, até que Tito o fizesse em 1948...” (p. 226).[1]

O marechal Josip Broz Tito, dirigente máximo da ex-Iuguslávia socialista, foi “excomungado” da “Verdadeira Igreja”, até que, em 1955, houvesse a reconciliação com Kruchev. E os comunistas que tiveram que aceitar a excomunhão, agora se viam obrigados a reconsiderar.

Segundo Hobsbawm, “Para os jovens revolucionários de meu tempo, as manifestações de massa eram equivalentes às missas papais para os católicos devotos” (p. 354). É muito interessante o seu depoimento sobre o significado do ser comunista naquela época:

“Para os que, como eu, se tornaram comunistas antes da guerra, e especialmente antes de 1935, a causa do comunismo era em verdade algo a que pretendíamos dedicar nossas vidas, e alguns de fato o fizeram. A diferença crucial veio a ser entre os comunistas que passaram a vida na oposição e aqueles cujos partidos tomaram o poder, e que portanto se tornaram direta ou indiretamente responsáveis pelo que ocorreu em seus regimes. O poder não corrompe necessariamente as pessoas como indivíduos, embora não seja fácil resistir a sua corrupção. O que o poder faz, especialmente em tempos de crise e de guerra, é tornar-nos capazes de realizar e justificar coisas inaceitáveis se fossem feitas por indivíduos privados. Para os comunistas como eu, cujos partidos nunca estiveram no poder nem metidos em situações que exigissem decisões sobre a vida ou a morte de outras pessoas (resistência, campos de concentração), as coisas foram mais fáceis” (p. 150).

Ser comunista nesta fase, segundo o título da autobiografia de Giorgio Amendola, líder comunista italiano antes da guerra, era “Uma escolha de vida” (Una scelta di vita) (p. 150). Exigia dedicação plena ao partido:

“O “partido de vanguarda” leninista era uma combinação de disciplina, eficiência executiva, completa identificação emocional e um sentimento de dedicação total” (p. 155, grifo do autor).

Um exemplo ilustrativo da “fé” no partido é o depoimento de um amigo do autor, Tedy Prager, sobre uma militante comunista, Freddie, que ficou presa sob uma viga após a detonação de uma bomba inimiga despejada em Cambridge, durante a Segunda Guerra Mundial, mas precisamente em 1941:

“Ela gritava que o fogo estava queimando seus pés, e eu continuava a dar machadadas na viga, mas nada acontecia. Pobre Freddie... Não adianta, ela agora gritava, vou morrer. E então, enquanto as lágrimas me vinham aos olhos devido ao desespero e à fumaça, tão exausto que não conseguia levantar o machado, ela bradou: Viva o Partido, viva Stalin... Viva Stalin, gritava ela, e adeus rapazes, adeus Tedy” (citado p. 155).

Segundo Hobsbawm:

“Freddie não morreu, mas teve as pernas amputadas. Na ocasião, nenhum de nós consideraria surpreendente que as últimas palavras de um membro moribundo do Partido fossem para o Partido, para Stalin e para os camaradas. (Naquele tempo, a idéia de Stalin entre os comunistas estrangeiros era tão sincera, tão natural, tão imaculada pelo que se soube depôs, e tão universal quanto a genuína dor que sentimos em 1953 por ocasião da morte de um homem que nenhum cidadão soviético desejaria – ou ousaria – chamar por um apelido como “tio Joe” na Inglaterra ou “Bigodudo” [Baffone] na Itália. Nossas vidas eram para o Partido. Devíamos tudo o que tínhamos e recebíamos de volta a certeza de nossa vitória e a experiência da fraternidade” (p. 155-156).

“Aceitávamos a absoluta obrigação de seguir a “linha” que nos era proposta, mesmo se discordássemos dela, embora fizéssemos esforços heróicos para nos convencer de sua “correção” intelectual e política a fim de defendê-la, como se esperava de nós. Ao contrário do fascismo, que exigia abdicação automática e submissão à vontade do líder (“Mussolini sempre tem razão”) e o dever incondicional de obedecer a ordens militares, o Partido – mesmo no auge do absolutismo de Stalin – apoiava sua autoridade, pelo menos em teoria, no poder de convencimento da razão e do “socialismo científico”. Afinal de contas, supunha-se que fosse baseado numa “análise marxista da situação”, que todos os comunistas deveriam aprender a fazer” (p. 156).

A dedicação abnegada ao partido era plena e incluía, inclusive, aspectos da vida privada e sentimental:

“Fazíamos o que o Partido nos mandava fazer. Em países como a Grã-Bretanha ele não nos requisitava nada de muito dramático. Na verdade, não fosse sua convicção de que aquilo que faziam estava salvando o mundo, os comunistas poderiam sentir-se entediados com as atividades rotineiras de sue Partido, conduzidas segundo o ritual costumeiro dos movimentos trabalhistas ingleses (camarada presidente, minutas de reuniões, relatório de tesoureiro, resoluções, contatos, vendas de livros, e tudo o mais) em casas particulares ou salas de reunião pouco acolhedoras. Mas obedeceríamos a quaisquer ordens que o Partido nos desse. Afinal, a maioria dos quadros soviéticos e do Komintern, no período do terror stalinista, que sabiam o que os esperava, acataram a ordem de regressar. Se o Partido mandasse abandonar o amante ou o cônjuge, obedecia-se. Após 1933 o Partido alemão no exílio ordenou a Margaret Mynatt (mais tarde inspiradora das Obras completas de Marx e Engels em língua inglesa) que fosse de Paris para a Inglaterra, pois precisava de alguém em Londres, e, como a entrada de comunistas alemães conhecidos era negada, foi necessário contar com um camarada com documentação britânica válida. Sem um momento de hesitação ela abandonou o amor de sua vida (assim me disse ela mais tarde) e partiu. Nunca mais o viu (ou seria a viu?) novamente” (p. 156-157).

“Era impensável qualquer relacionamento sério com quem não fosse membro do Partido ou estivesse para ingressar (ou reingressar)” (p. 157).

Este também foi o caso do primeiro casamento do autor:

“Naturalmente ela era também comunista; filiou-se ao Partido quando casamos – naquela época eu consideraria inconcebível casar com que não fosse membro do Partido...” (p. 200).

“Confesso que no momento em que percebi ser capaz de imaginar uma verdadeira relação com alguém que não fosse recruta potencial do Partido compreendi que já não era mais comunista no sentido integral de minha juventude” (p. 157).

Ser comunista pressupunha um ethos, uma moral revolucionária, uma conduta objetiva e subjetiva, a fé no socialismo e no partido:

“Nesses tempos a sociedade deles é uma versão em miniatura da sociedade ideal, na qual os homens são irmãos e sacrificam tudo pelo bem comum sem abandonar sua individualidade. Se isso é possível no âmbito do movimento, por que não será possível em toda parte” (p. 158).[2]

“A essa altura eu havia reconhecido, com Milovan Djilas, que tratou extraordinariamente vem da psicologia dos revolucionários, que “essa é a moralidade de uma seita”, mas que isso é precisamente o que lhes deu tanta força como impulsores da mudança política” (p. 158).

Hobsbawm enfatiza que “o comunismo representou o ideal de transcender o egoísmo e servir toda a humanidade sem exceção” (p. 160). Isto exigia sacrifícios:

“Dureza, até mesmo falta de piedade, fazer o que tinha de ser feito, antes, durante e depois da revolução, era a essência do bolchevique. Era a reação necessária aos tempos” (p. 160-161).

“Na guerra total em que estávamos metidos, não nos perguntávamos se deveria haver limites aos sacrifícios impostos a outrem, mais do que a nós mesmos. Como não estávamos no poder, nem era provável que chegássemos a ele, esperávamos ser prisioneiros, mais do que ser carcereiros” (p. 161)

“Havia partidos comunistas e seus funcionários, como André Marty que aparece em Por quem os sinos dobram, de Hemingway, que se orgulhavam de seu bolchevismo “duro como aço”, e não menos o Partido Comunista soviético, no qual este se juntava à tradição absolutista de poder ilimitado e à brutalidade da existência russa cotidiana para produzir as hecatombes da era stalinista” (p. 161-162).

“... a prova de sua devoção à causa era a disposição de defender o indefensável.[3] Não era o credo cristão Credo quia absurdum (“acredito porque é absurdo”), e sim o constante desafio: “Podem me experimentar mais: como bolchevique, eu não sucumbo” (p. 162).

A fé pressupõe unicamente a crença. Não há algo de religiosidade neste ethos comunista? O leitor pode argumentar que o depoimento de Hobsbawm se refere ao período stalinista, ao período do culto à personalidade. Tem razão. Mas será que o culto aos líderes, a transformação da teoria dita revolucionária em dogma e a defesa da ortodoxia são aspectos restritos ao predomínio do “guia genial dos povos”? Afinal, há ou não manifestações ideológicas autodenominadas marxistas que mais se assemelham a seitas religiosas? Há ou não afinidades eletivas entre marxismo e religião? Qual a sua opinião, caro leitor, cara leitora?


[1] Todas as citações são de: HOBSBAWM, Eric J. Tempos interessantes: uma vida no século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 2002 (grifos meus).

[2] Esse trecho é citado pelo próprio autor e refere-se ao que escreveu logo após a crise de 1956, quando se “encontrava mais próximo das convicções da juventude” (p. 158).

[3] Hobsbawm se refere a Theodore Rothstein, fundador do PC britânico, que sofreu muito ao cair em desgraça aos olhos de Moscou.

Antonio Ozaí da Silva | 19/05/2012 at 23:23 | Categorias: marxismo, religião | URL: http://wp.me/pDZ7T-s8

 

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publicado por animalsapiens às 12:36

19
Mai 12

"Mas então ninguém percebe que matar em nome de Deus é fazer de Deus um assassino?"

José Saramago - Entrevista à revista "Época", em 2005:

publicado por animalsapiens às 12:50

17
Mai 12

Alvorada Voraz

RPM

Na virada do século
Alvorada Voraz
Nos aguardam exércitos
Que nos guardam da paz
Que Paz?...

A face do mal
Um grito de horror
Um fato normal
Um êxtase de dor
E medo de tudo
Medo do nada
Medo da vida
Assim engatilhada...

Fardas e força
Forjam as armações
Farsas e jogos
Armas de fogo
Um corte exposto
Em seu rosto amor...

E Eu!
Nesse mundo assim
Vendo esse filme passar
Assistindo ao fim
Vendo o meu tempo passar
Hey!...

Apocalípticamente
Como um clip de ação
Um clic seco, um revólver
Aponta em meu coração...

O caso Morel
O crime da mala
Coroa-Brastel
O escândalo das jóias
E o contrabando
E um bando de gente
Importante envolvida...

Juram que não
Torturam ninguém
Agem assim
Pro seu próprio bem
Oh!...

São tão legais
Foras da lei
Sabem de tudo
O que eu não sei
Não!...

Nesse mundo assim
Vendo esse filme passar
Assistindo ao fim
Vendo o meu tempo passar
Hey!...

publicado por animalsapiens às 11:48

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