- postado por Paulo R. Santos
Toda vida é preciosa. Não importa se humana, animal ou vegetal. A vida da Terra é igualmente preciosa, portanto é um bem absoluto, sem preço. No entanto, seres de todas as espécies morrem e se matam continuamente, desde sempre.
No momento destaca-se o 11 de setembro de 2001 como uma data especial, quando um suposto atentado terrorista, com origem em radicais islâmicos, teria motivado e justificado as reduções bruscas dos direitos humanos em vários países ocidentais, e um eventual recrudescimento das lutas étnicas, religiosas ou entre facções políticas no Oriente Médio, Ásia e África, com provável repercussão na América Latina.
O fato é que desde a implosão do bloco soviético (1989), divulgou-se que a 'guerra fria' havia terminado, o que é, no mínimo, discutível. Os interesses ocidentais de hegemonia e o neoimperialismo diante da escassez de matérias-primas, o fortalecimento de economias emergentes, além de outros fatores, fez com que o eixo do poder econômico e político se deslocasse gradualmente do hemisfério norte para o hemisfério sul, fato já aceito consensualmente.
Países que até então se mantinham em posição de domínio passaram a apelar para a fomentação de guerras étnicas e religiosas para alimentar a indústria bélica, com destaque para EUA, França, Grã-Bretanha e Alemanha.
O mundo islãmico resistiu até o fim à 'nova ordem econômica' imposta por esses países e daí surgiram os inúmeros grupos de resistência, chamados de terroristas pelos ocidentais, e de patriotas pelos países de origem. Questão de ponto de vista ! O neoliberalismo naufragou em 2008 levando consigo os países que o financiavam e impunham. Justamente os que agora justificam ainda hipocritamente a guerra entre ocidentais e islâmicos.
O atentado de 11 de setembro de 2001 será sempre uma história incompleta com muitas versões possíveis. O dinheiro, o poder político e a influência midiática manterão a versão oficial no topo da lista ainda por muito tempo, não restando outras possibilidades além de especulações e teorias de conspiração para os demais.
De qualquer forma, a história já formou o veredito moral de que os EUA provocaram a retaliação ao atacar sistematicamente países, principalmente islâmicos, sob alegações absurdas, como foi o caso da Guerra do Golfo e contra o Iraque, ou de participar com fornecimento de armamento e munição (radioativa, inclusive, como no caso da Bósnia e Líbia), o que tornou os Estados Unidos da América, o país mais temido e odiado no planeta.
O tempo, esse fazedor de sínteses, como dizem os filósofos, jogará a última pá de cal sobre o episódio, oportunamente, como já o fez sobre as guerras, atentados e massacres anteriores. Fica o registro de que ainda não aprendemos a lição da paz, pois a exploração política e midiática do 11 de setembro, de forma tendenciosa, parcial e emocional, certamente estimulará a continuidade dos sofrimentos humanos, na forma de outras guerras, atentados, adoecimento coletivo, medo difuso e permanente, suicídios, homicídios, destruição da natureza, da cultura humana, e o aumento da violência sob várias formas.