Mandela – Na lembrança por quanto tempo?
Paulo R. Santos*
Viveu muito e viveu bem. Uma existência de 1918 a 2013 é suficiente para deixar todos os bons exemplos possíveis e, certamente, alguns erros também fazem parte da trajetória desse grande homem. Isso faz dele mais próximo e dificulta a 'santificação' indevida. O que importa é que Nelson Mandela fez e fez bem feito em sua conjuntura, em seu contexto de vida, em suas possibilidades.
Homens assim estão se tornando raros. O número de celebridades aumenta enormente já que rendem um bom dinheiro e podem ser substituídas facilmente, mas heróis não são produzidos em escala fordista. O pensador estadunidense do século XIX, Ralfph Emerson, certamente o colocaria entre seus “Homens Representativos”.
Pena que superados os primeiros momentos de comoção coletiva, com algum tempo o esquecimento chegará sem sombra de dúvida. Vivemos tempos de mercantilização, de comercialismo desenfreado, e tudo que não rende algum tende a cair rapidamente no esquecimento. Claro! Ele será respeitado sempre que lembrado, mas não estará sempre na pauta das referências.
Homenagens pelo mundo, escolas com seu nome, mas principalmente a exploração hipócrita por parte de governantes que querem colar sua imagem à dele, mesmo sem nenhuma semelhança nos pensamentos e, principalmente, nas atitudes. Mas, quem se importa? Filmes, livros, documentários etc., numa associação de merecida homenagem e exploração comercial de um nome respeitável.
Enfim, são os sinais de tempos de declínio civilizatório, onde em meio à barbárie se vislumbra uma luz que servirá de alento para muitos que buscam uma referência mais segura para atuação política não violenta, até onde é possível.
*Sociólogo, articulista.