Os milenaristas devem estar muito frustrados pelo fato do mundo - mais uma vez -, não ter acabado. Mas, é assim mesmo. O medo do fim valoriza o presente. O medo da morte valoriza a vida. Abre comportas de esperança e motivação para mudanças. No final das contas é positivo, mesmo que entre eles, os milenaristas, existam certamente aqueles que morbidamente torcem para o fim do mundo, por uma razão ou outra, embora a principal delas seja a de que o mundo está mesmo ruim e feio, a sociedade doente e sem perspectiva.
O fim do ano, para muitos, é período de renovação de projetos, planos e promessas que não foram cumpridas. Novas metas e propósitos ... isso é bom. Algum avanço sempre há. E um mundo novo vai acabar surgindo do caos presente em nossos dias. Ainda haverá lugar para os de boa vontade, para os altruístas e generosos, os repletos de compaixão. Enquanto isso, de um jeito ou de outro, os egoístas e gananciosos, os adoradores dos deus mercado e das coisas vão acabando, vão morrendo, desaparecendo, saindo do caminho... há lugar para alguma esperança. Afinal, o mundo não precisa continuar assim só porque está assim! A ressacralização do mundo está acontecendo por vias tortas ...
Mas isso de fim do mundo é coisa tipicamente ocidental. Duvido que budistas e islãmicos, por exemplo, entrem nessa onda de história linear, com começo, meio e fim. Da criação do mundo ao suposto 'juízo final'. Mas, há quem acredite em tudo em qualquer lugar do mundo. E nesse nosso mundo há espaço também para insanos de terno e gravata que decidem sobre a vida e a morte de milhares de pessoas enquanto tomam um champanhe!
Os mais pobres, os empobrecidos por esse modelo político-econômico predador, continuam sobrevivendo e vão acabar superando de algum modo, mais uma descivilização, mais uma que se vai para abrir espaço para uma outra, ... melhor, esperemos. Precisamos de um novo Renascimento !
- por Paulo R. Santos