O conceito de civilização apareceu junto com a criação das primeiras cidades. Estas seriam espaços de convivência, segurança, trocas, reciprocidade e tudo o mais que o bicho homem - animal gregário por natureza -, precisa para viver e sobreviver. Hoje as cidades se converteram, por muitas e várias razões, em espaços de disputas e rivalidades, de individualismo e egoísmo extremos.
A falta de espírito solidário, de segurança pública, o fracasso do Estado liberal-burguês, com suas promessass jamais cumpridas, a especulação imobiliária, a política de exclusão e de expulsão (quando não de eliminação física) dos mais pobres, as distâncias, os medos, as incertezas ... tudo isso torna o ambiente urbano numa 'não cidade'. As políticas desenvolvimentistas esquecem o humano por trás de tudo e vão amontoando gente, e gente pobre ou em vias de empobrecimento.
Fala-se em reinventar a democracia, os modelos políticos, econômicos e de convivência, de modo mais solidário e generoso, mas é preciso também rever e reconceituar o humano, que se perdeu no 'ter' e no 'parecer'. Os comportamentos aberrantes e a agressividade primitiva que explodiram, só podem ser contidos pela revisão dos conteúdos de formação do ser, de um estado de saúde física e emocional dígnas e de um presente que contenha elementos de esperança no futuro.
- por Paulo Santos