Para falar de gente, de seres humanos, do bicho humano perfectível, apesar de tudo. Do Animal sapiens, mas a partir de agora do "Homo spiritualis", com sua fé e religiosidade muitas vezes confusa, gerando preconceitos, discriminações.

29
Ago 13

1 - Quando foi promulgado (Lei 8069 de 13 de julho de 1990), foi criticado por ser uma adaptação, fora de nosso contexto sociocultural, e como resposta a pressões de países europeus, dada a situação de nossas 'crianças de rua';


2 - Reduziu o poder patermaterno, contribuindo para a desestruturação familiar e quebrando a hierarquia culturalmente herdada;


3 - Terceirizou papéis familiares para instituições precárias e que, não raro, agem como se tivessem poder de polícia, aumentando a lógica da repressão e o ressentimento contra a sociedade;


4 - O aparecimento de uma geração que se sente protegida, privilegiada, com a 'Síndrome do Super-homem' (eu posso tudo), incapaz de conviver com um 'não', com limites, com frustrações, consumista e prepotente;


5 - O ECA foi sacralizado e criticá-lo atrai críticas sobre quem o faz;


6 - Contribuiu para o aumento da criminalidade infanto-juvenil e a formação de gangues de 'menores' que agem sob a sensação da impunidade;


7 - Sem obrigações ou compromissos até os 16 anos, chegam a essa idade sem interesse pelo trabalho ou pelo conhecimento;


8 - Aumento exponencial do bullying contra pais, professores e responsáveis em geral;


9 - Desrespeito pelo princípio da autoridade;


10 - Criou jovens com pouco ou nenhum compromisso político ou social, que improvisam a vida, sem planejamento, percepção de risco ou de consequências.


- por Paulo Santos

 


publicado por animalsapiens às 13:11

27
Mar 13

A falta de bom senso e de senso de justiça num país onde os donos do capital e da terra mandam e desmandam, se mostra na crescente onda de violência pelo país afora. A falta de investimentos no essencial: educação, saúde, segurança, transporte etc., já mostram seus resultados.

 

Expulsar pessoas que se organizaram de algum modo em terrenos cujos donos nem aparecem - às vezes terras devolutas -, com toda a truculência conhecida e vista pela tv ao vivo e em cores (casos Pinheirinho e Maracanã, por exemplo), pode estabelecer uma relação direta e contínua entre o ressentimento e a desconfiança do povo em relação ao Estado (que devia lhe dar proteção e segurança), e o aumento do 'efetivo' disponibilizado para o crime organizado, seja PCC, CV ou qualquer outro.

 

Caminhamos rapidamente para uma crescente desconfiança contra as instituições públicas. Seja quanto ao Judiciário, pela lentidão e respostas a depender do nível social e econômico dos envolvidos; seja o Legislativo, privatizado por corporações, seitas e oligarquias; seja pelo Executivo envolvido numa lógica que se ocupa em como o Brasil será visto 'de fora pra dentro', em função da Copa e das Olimpíadas, numa corrida desenvolvimentista que privilegia de algum modo o capital, apesar das medidas sociais de largo alcance, mas que não mudam as estruturas injustas de um país injusto.

 

Aliás, 'nova classe média' é uma balela, pois o brasileiro não tem dinheiro, mas crédito ... e a inadimplência já está aí.

 

- por Paulo Santos

 

publicado por animalsapiens às 10:53

13
Nov 12

OS DOIS BRASIS: O DA ALIENAÇÃO E O DA VIOLÊNCIA

                                                       Paulo R. Santos*
Assim como toda cidade não é única, mas duas: a diurna com sua rotina e pessoas características, e a noturna, com sua outra – e muitas vezes perigosa – rotina das sombras e dos medos, o Brasil nunca foi único nem uniforme. E nem poderia ser!
Gilberto Freire, sociólogo da primeira metade do século XX, identificou dois Brasis, herdados do período colonial, aos quais chamou de Casa-Grande e Senzala, nome do livro que publicou em 1933, e que inaugura uma nova fase de interpretação da história brasileira, sem usar as lentes europeias.
 
Gilberto Freyre (fonte Wikipédia)
Esse duplo Brasil ainda existe e persiste com força maior, apesar dos esforços em amenizar o sofrimento na Senzala. A elite dominante olha da porta ou da janela do casarão, relativamente seguro, luxuoso e pequeno, o enorme espaço por onde circula uma população diversificada nas crenças e nas cores, sobrevivendo como pode, vez por outra - ou quase sempre -, acuada pelas dificuldades e reprimida pela polícia, infeliz herdeira cultural do Capitão do mato e dos jagunços.
A alienação da elite, que é um tipo de violência, alimenta as dificuldades dos herdeiros das senzalas, que vivem em meio a outras formas de violência, tornando-se – muitas vezes – violentos por força das circunstâncias extremas. Uma elite prisioneira do egoísmo e da alienação. Uma população prisioneira da escassa educação e dos desejos não atendidos.
O resultado está bem visível nos números que nos atormentam e amedrontam. Cerca de 45 mil homicídios por ano. Bolsões de violências várias, onde parece não existirem inocentes. O principal agressor, o Estado, alimenta a violência que se estende e amplia para novas áreas, no mínimo por não cumprir com seus deveres constitucionais.
Estados paralelos
Exemplos claros são o Rio de Janeiro com um estado paralelo infiltrado no estado formal, e São Paulo, com um crime organizado capaz de estabelecer regras de convívio entre o legal e o ilegal. A violência de um lado produz a reação igualmente violenta do outro. E não nos iludamos pensando que a situação não se repete em outros estados menos midiáticos ou no coração do governo federal: Brasília. O Brasil sempre foi um país injusto!
 
Injustiças existem por aqui desde sempre. (Imagem: Wikipédia Free)
A reversão desse quadro melancólico exige coragem e vontade política dos governantes que cuidam (ou não) do erário, dos tributos, e da destinação dos recursos públicos. É preciso investir pesadamente em educação, saúde, cultura, segurança pública, lazer, transporte, trabalho e emprego, dentre outras coisas.

Não como um negócio, mas como o preço pela sobrevivência de uma sociedade que vive no medo e na incerteza, alimentos ricos em violência.

 


* Paulo Roberto Santos é professor e sociólogo, edita o blog  http://animalsapiens.blogs.sapo.pt/ e é colaborador oficial deste blog.

** Transcopiado de www.antijornalismo.blogspot.com.br
publicado por animalsapiens às 10:39

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