Para falar de gente, de seres humanos, do bicho humano perfectível, apesar de tudo. Do Animal sapiens, mas a partir de agora do "Homo spiritualis", com sua fé e religiosidade muitas vezes confusa, gerando preconceitos, discriminações.

26
Ago 12
publicado por animalsapiens às 14:17

Novo post em blog do ozaí

Palavras para pensar!

by Antonio Ozaí da Silva

Estive a rever as minhas anotações de leituras e decidi selecionar algumas palavras que, a meu ver, permanecem atuais e talvez instiguem a reflexão:

“... o longo hábito de não pensar que uma coisa seja errada lhe dá o aspecto superficial de ser certa, e ergue de início um temível brado em defesa do costume. Mas o tumulto não tarda em arrefecer. O tempo cria mais convertidos do que a razão” (Thomas Paine). [1]

“A persuasão e a violência podem destruir a verdade, não substituí-la” (Hannah Arendt) [2]

“O culto da juventude é pueril: os adultos que o praticam não estão ajudando os jovens a amadurecer e contribuem para que mergulhem na sua infelicidade. “Qui n’a pás l’ esprit de son âge, de son âge a tout le malheur”. “Quem não possui o espírito da sua idade, tem dela toda a desdita” (Raymond Aron). [3]

“O patriotismo é, na vida política, o que a fé é na religião; está para os sentimentos domésticos e a saudade da pátria como a fé para o fanatismo e a superstição” (Lord Acton). [4]

“O prazer do texto não tem preferência por ideologia” (Roland Barthes). [5]

“Como, porém, aprender a discutir e a debater numa escola que não nos habitua a discutir, porque impõe? Ditamos idéias. Não trocamos idéias. Discursamos aulas. Não debatemos ou discutimos temas. Trabalhamos sobre o educando. Não trabalhamos com ele. Impomos-lhe uma ordem a que ele não se ajusta concordante ou discordante, mas se acomoda. Não lhe ensinamos a pensar, porque recebendo as fórmulas que lhe damos, simplesmente as guarda. Não as incorpora, porque a incorporação é o resultado da busca de algo, que exige, de quem o tenta, esforço de realização e procura, exige reinvenção” (Paulo Freire). [6]

“Essa ilusão de verdade, que se chama impressão de realidade, foi provavelmente a base do grande sucesso do cinema. O cinema dá a impressão de que é a própria vida que vemos na tela...” (Jean-Claude Bernadet) [7]

“A primeira tarefa dos intelectuais deveria ser a de impedir que o monopólio da força torne-se também o monopólio da verdade” (Norberto Bobbio). [8]

“Seria preciso, acreditam certos críticos, uma forma impassível, fria e impessoal; para tais gentes, todo o argumento perde o caráter científico sem esse verniz de impassibilidade; em compensação, bastaria afetar imparcialidade, para ter direito a ser proclamado – rigorosamente científico. Pobres almas!... Como seria fácil impingir teorias e conclusões sociológicas, destemperando a linguagem e moldando a forma à hipócrita imparcialidade, exigida pelos críticos de curta vista!... Não; prefiro dizer o que penso, com a paixão que o assunto me inspira; paixão nem sempre é cegueira, nem impede o rigor da lógica” (Manoel Bonfim). [9]

“É preciso reconhecer que muitas de nossas lembranças, ou de nossas idéias, não são originais: foram inspiradas nas conversas com os outros. Com o correr do tempo, elas passam a ter uma história dentro da gente, acompanham a nossa vida e são enriquecidas por experiências e embates” (Ecléa Bosi). [10]

“Olhar tem a vantagem de ser móvel, o que não é o caso, por exemplo, de ponto de vista. O olhar é ora abrangente, ora incisivo. O olhar é ora cognitivo e, no limite, definidor, ora é emotivo ou passional. O olho que perscruta e quer saber objetivamente das coisas pode ser também o olho que ri ou chora, ama ou detesta, admira ou despreza. Quem diz olhar diz, implicitamente, tanto inteligência quanto sentimento” (Alfredo Bosi) [11]

“...em sociedades como a nossa, a universidade prepara quadros de “funcionários da ideologia” dispostos a produzir os discursos condizentes com os interesses dos grupos detentores de poder” (Sergio Miceli) [12]

“Os jornalistas observam freqüentemente com muita satisfação que os universitários precipitam-se para a mídia, solicitando uma análise crítica, mendigando um convite, protestando contra o esquecimento a que são relegados e, ao ouvir seus testemunhos bastante terrificantes, somos levados a duvidar de fato da autonomia subjetiva dos escritores, artistas e dos cientistas” (Pierre Bourdieu) [13]

“A linguagem de autoridade governa sob a condição de contar com a colaboração daqueles a quem governa, ou seja, graças à assistência dos mecanismos sociais capazes de produzir tal cumplicidade, fundada por sua vez no desconhecimento, que constitui o princípio de toda e qualquer autoridade” (Pierre Bourdieu) [14]

“O sacerdócio teórico vive do erro teórico, que lhe cabe identificar, denunciar, exorcizar: a “tentação”, o “desvio” ou a “recaída” estão em todo lugar e até mesmo em seu próprio discurso...” (Pierre Bourdieu) [15]

“O emprego seguro que os professores fazem do idioma universitário não é mais casual que a tolerância dos alunos à obscuridade semântica. As condições que tornam o mal-entendido lingüístico possível e tolerável estão inscritas na própria instituição: não só as palavras mal conhecidas ou desconhecidas aparecem sempre em configurações estereotipadas capazes de alcançar o sentimento do já entendido, como a linguagem do magistério possui a consciência completa da situação onde se realiza a relação de comunicação pedagógica, com seu espaço social, seu ritual, seus ritmos temporais, em suma todo o sistema de coerções visíveis ou invisíveis que constituem a ação pedagógica como ação de imposição ou de inculcação de uma cultura legítima” (Pierre Bourdieu & Jean Claude Passeron) [16]

Por ora, paremos por aqui! E você, caro(a) leitor(a), quais palavras acrescenta a estas reflexões?! Qual é a sua reflexão sobre as citações aqui selecionadas?


[1] PAINE, Thomas. Senso Comum e outros escritos políticos. São Paulo: IBRASA, 1964, p. 4. (Clássicos da Democracia)

[2] ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. São Paulo, Editora Perspectiva, 2001, p. 320.

[3] ARON, Raymond. Estudos Políticos. Brasília: UnB, 1985, p. 295-296.

[4] ACTON, Lord. Nacionalidade. In: BALAKRISHNAN, Gopal. (Org.) Um mapa da questão nacional. Rio de Janeiro: Contraponto, 2000, p. 38.

[5] BARTHES, Roland. O prazer do texto. São Paulo: Editora Perspectiva, 2004, p. 40.

[6] Citado in BEISIEGEL, Celso de Rui. Política e educação popular: a teoria e a prática de Paulo Freire no Brasil. São Paulo, Ática, 1982, p. 100.

[7] BERNADET, Jean-Claude. O que é Cinema. São Paulo: Brasiliense, 2006, p. 12.

[8] BOBBIO, Norberto. Os intelectuais e o poder: dúvidas e opções dos homens de cultura na sociedade contemporânea. São Paulo, Editora UNESP, 1997, p. 81.

[9] BONFIM, Manuel. A América Latina. In: SANTIAGO, Silviano. (Org. ) Intérpretes do Brasil. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 2000, p. 631.

[10] BOSI, Ecléa. Memória e Sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: Companhia das Letras, 1994, p. 407.

[11] BOSI, Alfredo. Machado de Assis. O enigma do olhar. São Paulo: Ática, 2000, p.10.

[12] In BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. São Paulo, Editora Perspectiva, 1974, p. LV.

[13] BOURDIEU, Pierre. Sobre a Televisão. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed., 1997, p. 87.

[14] BOURDIEU, Pierre. A Economia das Trocas Lingüísticas: O que falar quer dizer. São Paulo, Edusp, 1998, p. 91.

[15] Idem, p. 164.

[16] BOURDIEU, Pierre; PASSERON, Jean Claude. A Reprodução – Elementos para uma teoria do sistema de ensino. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1982, p. 121.

 

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