"Dias, Meses e Anos
[...] No tempo interminável de sua viuvez, ela lia e relia os livros das nuvens, das relvas, das pessoas passageiras, ela transpirava e recalcava imagens e conceitos, formas e conteúdos, refazia constantemente seus humildes modos de ser. O marido estava, ainda agora, voltando do outro mundo? O amor, ela pensa, tempera-se com doce e sal,
a amizade apenas com doce
o ódio apenas com sal,
toda história começa na amizade, deriva no amor, descamba na paixão ou no ódio. Mas a paixão - aí ela lembra de um certo tempo de sua vida - é a doença que regenera."
[...]
(Memorial do Desterro, Lázaro Barreto, Diocese de Divinópolis-Minas, 1995, p.115)