Para falar de gente, de seres humanos, do bicho humano perfectível, apesar de tudo. Do Animal sapiens, mas a partir de agora do "Homo spiritualis", com sua fé e religiosidade muitas vezes confusa, gerando preconceitos, discriminações.

31
Jul 11

Composição: Belchior


Eu tenho medo e medo está por fora
O medo anda por dentro do teu coração
Eu tenho medo de que chegue a hora
Em que eu precise entrar no avião
Eu tenho medo de abrir a porta
Que dá pro sertão da minha solidão
Apertar o botão: cidade morta
Placa torta indicando a contramão
Faca de ponta e meu punhal que corta
E o fantasma escondido no porão
Medo, medo. medo, medo, medo, medo
Eu tenho medo que Belo Horizonte
Eu tenho medo que Minas Gerais
Eu tenho medo que Natal, Vitória
Eu tenho medo Goiânia, Goiás
Eu tenho medo Salvador, Bahia
Eu tenho medo Belém do Pará
Eu tenho medo pai, filho, Espírito Santo, São Paulo
Eu tenho medo eu tenho C eu digo A
Eu tenho medo um Rio, um Porto Alegre, um Recife
Eu tenho medo Paraíba, medo Paranapá
Eu tenho medo Estrela do Norte, paixão, morte é certeza
Medo Fortaleza, medo Ceará
Medo, medo. medo, medo, medo, medo
Eu tenho medo e já aconteceu
Eu tenho medo e inda está por vir
Morre o meu medo e isto não é segredo
Eu mando buscar outro lá no Piauí
Medo, o meu boi morreu, o que será de mim?
Manda buscar outro, maninha, no Piauí

publicado por animalsapiens às 11:56
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Leiam a entrevista concedida pelo Raul Teixeira à Revista Semanal de Divulgação Espírita O CONSOLADOR, Ano 5, n° 220, 31 de julho de 2011, sobre:

– Uma ação popular, baseada na existência de conteúdo racista no livro Obras Póstumas, de Allan Kardec, solicitou à justiça o recolhimento do citado livro. O magistrado que julgou a ação não acatou o pedido. Como se pode analisar essa e outras acusações de mesmo teor em textos kardequianos?


 
O CONSOLADOR

Revista Semanal de Divulgação Espírita

http://www.oconsolador.com.br/ano5/220/raulteixeiraresponde.html


 

Imagem removida pelo remetente.




Raul Teixeira responde

Ano 5 - N° 220 - 31 de Julho de 2011

  
  
 

– Uma ação popular, baseada na existência de conteúdo racista no livro Obras Póstumas, de Allan Kardec, solicitou à justiça o recolhimento do citado livro. O magistrado que julgou a ação não acatou o pedido. Como se pode analisar essa e outras acusações de mesmo teor em textos kardequianos? 

Raul Teixeira: É uma consequência muito clara da deformação de muitas mentalidades, que saem das nossas escolas, das nossas universidades, e que passam a reger a vida coletiva, a vida social, ficando todos nós à mercê das suas incoerências e, às vezes, das suas inconsequências.

Na década de 1980, o notabilíssimo Paulo Freire, em seu livro Ação cultural para a liberdade e outros escritos, teve ocasião de apresentar um texto de grandíssima importância para a formação de qualquer intelectual: Considerações em torno do ato de estudar.

No referido texto, ensina Freire:

Estudar é, realmente, um trabalho difícil. Exige de quem o faz uma postura crítica, sistemática. Exige uma disciplina intelectual que não se ganha a não ser praticando-a.

E, mais adiante, explicita Paulo Freire:

O ato de estudar é o de assumir uma relação de diálogo com o autor do texto, cuja mediação se encontra nos temas de que ele trata. Esta relação dialógica implica na percepção do condicionamento histórico-sociológico (é meu o destaque) e ideológico do autor, nem sempre o mesmo do leitor.

Quando se sabe, pois, estudar, não se pode ler um texto de outra época, de outro contexto cultural e pessoas que também tinham liberdade de pensar – condicionamento histórico, sociológico e ideológico – como nosso gosto, nossa cultura ou ideologia atuais. Será necessário, a fim de entendê-lo em sua magnitude, identificar em que contexto foi elaborado, o que se passava em termos sociais, políticos, religiosos e econômicos, enfim, em sua contextualização histórica. É como quem estuda um osso, numa escavação arqueológica. Há que se encontrar tudo o que esteve em torno daquele fenômeno, a fim de que se lhe possa atribuir o valor a ou b. Sem esses cuidados tudo não passaria de uma aberração.

Para que alguma ação popular ou individual solicitasse à Justiça o recolhimento de qualquer texto espírita, teria que solicitar antes à mesma Justiça o recolhimento de todos os exemplares da Bíblia (nela o Senhor manda até que se exterminem povos os inimigos, os de outras etnias ou crenças... e tudo parece normal, aceitável e... divino); teriam que ser recolhidos as reedições de A República, do notável Platão, uma vez que para ele, à época, a escravidão era um direito do escravista, por isso normal, e assim por diante.

Bom é quando se encontra um magistrado que tenha tido boa escolaridade, que se preparou para a sua missão e por isso é dotado de bom-senso, sem o espírito seitista, sem parti pris, e que, assim, consegue dar bons desfechos a questões balofas, quanto é a de se desejar cassar qualquer literatura de outras épocas, de outras culturas e de autores que não são obrigados a pensar como nós.

Quanto aos espíritas, sinceros e honestos para com a Causa professada, cabe-nos cada vez mais e melhor estudar o Espiritismo, a fim de compreender o seu caráter univérsico, onde não se admite preconceito de nenhum modo, nem de credo, de etnia, de orientação sexual, de nível socioeconômico, menos ainda da cor da pele.

Vale considerar, por fim, que, sendo o livro Obras Póstumas, como o nome indica, publicado após a desencarnação de Allan Kardec, em 1890, tendo seus amigos reunido muitos textos que encontraram e os havendo publicado em nome do insigne falecido, quem pode garantir que tenha sido ele escrito pelo Codificador? Quem pode entender os motivos que levaram Kardec a não tê-lo publicado nem jamais haver tangido essa questão nas obras da Codificação Espírita?

De qualquer modo, propor o recolhimento de uma obra literária do séc. XIX, alegando algum conteúdo racista, como se pretendeu fazer com textos de Monteiro Lobato e do referido livro kardequiano, é, para dizer o mínimo, uma maldosa ingenuidade, num país com tantas e graves arbitrariedades sociais contra minorias, contra o que vemos muito poucas vozes se levantando para propor reformas ou cassações dos decretos ou das leis que lhes dão respaldo.

Quanto aos verdadeiros e valorosos espíritas, que avancem caminho afora, por meio de uma vida de dignidade e de alegria, certos de que, como asseverou o Espírito de Verdade a Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, perg. 798, sobre se o Espiritismo se tornaria crença comum:


Certamente que se tornará crença geral e marcará nova era na história da humanidade, porque está na natureza e chegou o tempo em que ocupará lugar entre os conhecimentos humanos. Terá, no entanto, que sustentar grandes lutas, mais contra o interesse do que contra a convicção, porquanto não há como dissimular a existência de pessoas interessadas em combatê-lo, umas por amor-próprio, outras por causas inteiramente materiais.


Entrevista concedida especialmente a esta revista em 29 de junho de 2011.




--

Clayton Prado
U.S.E-SP - Departamento de Artes e U.S.E de Americana/Nova Odessa.


http://www.usesp.org.br

publicado por animalsapiens às 11:44
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30
Jul 11

* Todos os posts não assinados são de minha autoria; os demais possuem a indicação da fonte para eventual consulta do leitor !

 

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Paulo S.

publicado por animalsapiens às 13:37
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Tendências e debates

Amy e o direito de dizer sim às drogas e à morte

Seriam os viciados vítimas de um problema social, ou apenas indivíduos fazendo uso de seu direito natural de autodestruição? Por Felipe Varne

29/07/2011 | Enviar | Imprimir | Comentários: 28 | A A A

 

Durante a semana, a morte da cantora Amy Winehouse dominou as manchetes dos noticiários ao redor do mundo. Numa estranha ironia, a mesma mídia que agora lamenta a perda de Winehouse foi a que se alimentou de seu comportamento, seus escândalos e suas visitas às clínicas de reabilitação. Os quase cinco anos que separam o lançamento do álbum Back To Black da morte de Amy ficaram marcados pelo período em que seu inegável talento foi ofuscado por seu descontrole, semanalmente estampado nas capas dos tabloides ao redor do mundo. (Comente aqui)

 

A morte de Amy Winehouse levanta uma importante questão sobre o eterno debate a respeito do uso de drogas na sociedade. Comportamentos como os da cantora ou de seu parceiro de festas, Pete Doherty, vocalista da banda Libertines, são bem claros: na canção que a levou ao sucesso, Rehab, Winehouse afirma e reafirma que não irá para a reabilitação. Por todo o planeta, centenas de outras Amys e Petes, menos famosos e com contas bancárias menos recheadas também embarcam em jornadas que ocasionalmente terminam em vômitos, desmaios, e longas hemorragias nasais que podem se transformar em viagens sem volta aos necrotérios. Enquanto isso, na Europa é cada vez maior a pressão para que o vício em drogas seja tratado como um problema de saúde pública, que viciados sejam encarados como pessoas enfermas por quem o Estado deve zelar.

 

Deixando de lado as ramificações do problema (as drogas são ilegais e seu comércio alimenta a violência nas grandes cidades), esse é um dilema que divide opiniões no mundo todo: seriam os viciados vítimas de um problema social, ou apenas indivíduos fazendo uso de seu direito natural de autodestruição?

 

Em sua coluna na Folha de São Paulo, o jornalista João Pereira Coutinho levantou a ideia de que, ao contrário de resfriados e doenças venéreas, o vício em drogas não é “algo que se contrai”, e tampouco é decorrente de uma mutação celular, como o câncer. O uso de drogas depende de uma escolha voluntária por parte do usuário. Por outro lado, a visão europeia defende a ideia de que a disponibilidade e o fácil acesso às drogas são um mal que deveria ser evitado pelo Estado. Como não é, cabe a ele então cuidar daqueles que se deixam abater por elas.

 

Curiosamente, a morte de Amy Winehouse pode ter tido muito pouco a ver com seu uso de drogas ilegais. Embora estivesse debilitada pelo consumo dos mais diferentes entorpecentes, há suspeitas de que a causa da morte pode ter sido abstinência alcoólica. O álcool, legalizado e disponível em qualquer esquina era o tema de Rehab, e acompanhou Amy Winehouse desde a adolescência.

Caro leitor,

Na sua opinião, o uso de drogas é um problema de saúde pública ou de comportamento individual?

Qual seria a melhor maneira de fazer com que o Estado ajudasse na reabilitação de viciados em drogas?



Seriam os viciados vítimas de um problema social, ou apenas indivíduos fazendo uso de seu direito natural de autodestruição? Por Felipe Varne

publicado por animalsapiens às 13:31
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Nas duas últimas décadas foram produzidos alguns estatutos, com a finalidade de dar segurança e proteção a segmentos da sociedade tidos ou vistos como mais vulneráveis.

O Estatuto do idoso, da criança e do adolescente, da igualdade racial ainda controverso, lei Maria da Penha que não é um estatuto, mas tem conotação semelhante, como se fosse um estatuto de gênero, são exemplos.

Como tudo o mais, tais textos legais podem ser bem ou mal utilizados. Vejamos alguns exemplos do que se ouve ou vê por aí, pelas ruas, pelas esquinas e noticiários.

- Mulheres recorrem à histeria coletiva causada pela cruzada do senador Magno Malta contra a pedofilia e alegam que seus maridos estão molestando seus filhos pequenos, com a intenção de livrar-se deles, dos maridos e não dos filhos. Juízes afoitos determinam o afastamento dos pais para apurarem o caso ... depois. Enquanto isso, a família se desfaz.

- Jovens mulheres adolescentes chantageam homens, casados ou não, para fazerem 'programas' com elas sob ameça de denunciá-los por pedofilia ou assédio sexual.

- Idosos são vistos em agências lotéricas, caixas de Bancos ou outros lugares onde há atendimento preferencial, com maços de documentos nas mãos. Tornaram-se serviçais daqueles que, ainda não aposentados e sem tempo, têm contas a pagar ou compras a fazer.

- Pessoas são detidas sob presunção de culpa, cabendo a elas provarem a inocência, contrariando o princípio jurídico elementar da inocência até que a culpa seja comprovada. Compreensível; é mais fácil capturar um inocente, já que o culpado em geral está foragido.

Sinais de que leis não mudam costumes ou comportamentos, apesar de nossos legisladores e juristas acreditarem que sim. A vida social deteriora-se rapidamente e, em breve, a prosseguir nesse ritmo, nada mais poderá ser feito, a não ser uma necrópsia do que foi uma sociedade, isto é, uma comunidade organizada.

publicado por animalsapiens às 12:26

29
Jul 11

"Trouxe tanto este dinheiro
o quanto, no meu surrão,
p'ra comprar o fim do mundo
no meio do Chapadão.

Urucúia - rio bravo
cantando à minha feição:
é o dizer das claras águas
que turvam na perdição.

Vida é sorte perigosa
passada na obrigação:
toda noite é rio-abaixo,
todo dia é escuridão ..."

(Grande Sertão: Veredas, J. Guimarães Rosa, Ed. Nova Fronteira, p. 317-318)

publicado por animalsapiens às 12:04

28
Jul 11

"Arranjos de guerra - esses são engenhados sempre com uma graça variada, diversa dos aspectos de trabalhos de paz - isto vi; o senhor vê: homens e homens repulam no afã tão unidamente, sujeitos maneiros, feito o meigo do demo assoprasse neles, ou até mesmo os espíritos!"

(Grande Sertão: Veredas, J. Guimarães Rosa, Ed. Nova Fronteira, p. 326)

publicado por animalsapiens às 22:43

Uma breve reflexão sobre um tema sempre oportuno !
 

Admirável Mundo Novo - Aldous Huxley

                O ano era 1932. O mundo vivia um crescimento acelerado do capitalismo e um desenvolvimento tecnológico nunca visto antes. Foi em meio a essas transformações e evoluções que Aldous Huxley escreveu seu maior romance: "Admirável Mundo Novo". Com ele, Huxley viria a alertar sobre a manipulação inadequada das novas descobertas e no que isso poderia se tornar em um futuro próximo.
Huxley descreve um Mundo em que todas as pessoas são criadas em laboratório, e cada uma já nasce com suas características pré-estabelecidas, correspondentes à cada classe existente. O sexo como forma de reprodução foi abolido e virou apenas uma diversão banal praticada até por crianças. O povo é condicionado a viver feliz através de drogas e tratamentos de manipulação das consciências.
 
O Governo é mundialmente soberano e proíbe qualquer forma de manifestação cultural. O importante deixou de ser o Homem ou Deus e passou a ser a manutenção do poder de uma elite individualista e gananciosa. O ano em que a estória se passa não é especificado, o que dá uma impressão de que isso pode acontecer a qualquer momento.
 
É o encontro entre os moradores desse "Admirável Mundo Novo" e um remanescente do "antigo mundo" (morador de uma reserva "indígena" da época) que inicia a reflexão do livro. Será que este conceito de felicidade é válido? Sentimentos diferentes como a consternação e aflição não formam a verdadeira essência do homem? Como restaurar uma sociedade onde os próprios subjugados estão contentes com sua situação?
Em Admirável Mundo Novo o ser humano é apresentado como um animal que fala. Seus sentimentos são suprimidos e suas esperanças morrem antes de nascerem. Esse é o tipo de mundo futurista que nem o mais sádico dos homens almejaria para nossa raça.
 
Aldous Huxley usa nesse livro todo seu vanguardismo modernista e conduz a narrativa com destreza e sabedoria. Ele coloca o leitor dentro desse utópico futuro e faz uma crítica contundente ao indiscriminado e às vezes antiético uso da tecnologia e do poder que ela fornece.
 
Huxley deixa claro que as mentes podem ser facilmente manipuladas (coisa recorrente atualmente), e com isso alerta à sociedade sobre as drásticas conseqüências que tal ato pode ocasionar. Será que alguém vai querer viver nesse "Admirável Mundo Novo"?
 
Luís Cristóvão
Publicado no Recanto das Letras em 15/05/2008

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publicado por animalsapiens às 12:09
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27
Jul 11

Certa vez ele escreveu que as verdades são múltiplas, só a mentira é global. De fato!

publicado por animalsapiens às 13:27

O neoliberalismo apresenta as consequências de seu comportamento inconsequente. Se os EUA não contornarem a própria crise com agilidade, o problema se estenderá mais a outros países, num efeito em cadeia que já mostra a presença de uma crise sistêmica. Crise financeira, climática, social, espiritual, educacional ... intolerâncias, discriminação, mortes por nada. Colapso civilizatório ?

publicado por animalsapiens às 12:55
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Julho 2011
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